Vinagreira (Hibiscus sabdariffa)
NOMES POPULARES: cuxá, hibisco, rosela, groselha, quiabo-azedo, quiabo-de-angola
No Maranhão a vinagreira ocupa um lugar de destaque na culinária local. Desde 2000, virou Bens Imateriais do Patrimônio Cultural Brasileiro, sendo o ingrediente básico do principal prato da culinária maranhense: o arroz de cuxá.
Das especulações feitas sobre as origens e os nomes que recebe a vinagreira, uma das histórias mais interessantes consta nos estudos do pesquisador norte-americano Walter Wawthorne. Segundo ele, lá pelos idos do século 18, quando o Marquês de Pombal enviou para a capitania do Grão-Pará e do Maranhão uma mão de obra escrava vinda da Guiné, que se deu início à popularização do consumo da vinagreira nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Esse grupo de negros, chamado Mandinga, passou a trabalhar nas lavouras de arroz, onde cultivava e consumia a tal vinagreira, que em suas origens africanas era chamada kutxá.
Diz ainda que foi nesse período que o kutxá, plantado em regiões ribeirinhas da baixada maranhense, passou a ser consumido pelos negros como acompanhamento de peixe frito ou assado. Com o passar do tempo, tanto o camarão como o arroz começaram a acompanhar os pratos de kutxá, transformando-se no tradicional cuxá maranhense
Planta da família Malvaceae, a mesma do quiabo e do algodão, a vinagreira é originária da África e assumiu grande importância no Brasil no estado do Maranhão, especialmente com o típico prato arroz de cuxá. Também é uma hortaliça bastante difundida em vários países de clima tropical e subtropical. Já os cálices são utilizados como matéria-prima para chás, refrescos e geleias.
É um arbusto ereto, vigoroso, podendo atingir até 3 m de altura, com caule arroxeado. As folhas são alternadas e dentadas, comcoloração verde, nervuras em geral de cor púrpura, com 5 a 12 cm de comprimento. As flores são solitárias, nascem nas axilas das folhas, possuem cálice carnoso roxo e corola amarela com o centro roxo, que irão formar os frutos, do tipo cápsula deiscente. Há possibilidade de extrair óleo das sementes, que também podem ser consumidas torradas.
Plantio
A propagação é feita por sementes, mas o enraizamento de estacas é fácil e viável na fase vegetativa, antes do florescimento. O plantio pode ser feito diretamente no local definitivo ou em bandejas com transplante das mudas quando atingirem por volta de 15 cm. O cultivo pode ser realizado o ano inteiro em regiões tropicais e equatoriais, desde que haja disponibilidade de água, enquanto em regiões subtropicais ou tropicais de altitude, o cultivo é restrito à época mais quente do ano (setembro a abril).
O espaçamento deve ser de 1,0 m a 1,5 m entre plantas. A colheita tem início entre 60 e 90 dias após o plantio quando os ramos são cortados com 30 cm a 50 cm de comprimento, formando maços para comercialização. Para o uso dos cálices frescos ou secos, deixa-se a planta desenvolver plenamente até a fase reprodutiva e o florescimento, a partir de 150 dias.
Conservação e usos
As folhas de vinagreira podem ser conservadas de 4 a 6 dias em embalagens plásticas armazenadas a 5 ºC. A utilização das folhas, com um leve sabor ácido, é preparada muitas vezes com arroz, sendo no “arroz de cuxá” o ingrediente básico, juntamente com arroz e camarão seco. Os cálices secos ou frescos são utilizados para produção de doces, sucos, geleias e chás, dando uma coloração vermelha bastante atraente. Os cálices são ricos em antocianinas, uma substância antioxidante derivada de pigmentos naturais, que confere cor avermelhada aos produtos.
As sementes maduras podem ser torradas ou moídas e usadas como ingrediente na fabricação de pães.
A vinagreira está sendo estudada no âmbito do projeto “Avaliação agronômica, caracterização nutricional e estudo da vida útil de hortaliças não convencionais”, da Embrapa Hortaliças, que busca tornar acessíveis as informações sobre essas espécies com o intuito de fomentar a produção, o consumo e a comercialização. Outras hortaliças estudadas são: almeirão-de-árvore, amaranto, anredera, azedinha, beldroega, bertalha, capuchinha, cará-do-ar, caruru, fisális, jambu, major-gomes, mangarito, maxixe-doreino, muricato, ora-pro-nóbis, peixinho, serralha e taioba.
Receita
Arroz de vinagreira
Ingredientes
1 xícara (chá) de arroz
4 folhas de vinagreira
2 xicaras de água
1 cebola média
Sal, alho, óleo e pimenta a gosto
Modo de preparo
1. Bata a vinagreira no liquificador com a água, ou corte as folhas em pequenas tiras.
2. Corte a cebola e refogue no óleo com o alho. Na sequência, coloque o arroz e refogue mais um pouco.
3. Acrescente a vinagreira triturada e o sal. Misture, tampe a panela e deixe cozinhar por 25 minutos ou até que o arroz fique macio.