google.com, pub-8049697581559549, DIRECT, f08c47fec0942fa0 HORTA E FLORES: março 2018

quarta-feira, 28 de março de 2018

Processamento da Cebola



Vários produtos podem ser obtidos a partir do processamento da cebola. Entre aqueles que não envolvem desidratação tem-se: cebolas minimamente processadas, em conservas, em pasta, óleos essenciais. Entre os que envolvem desidratação tem-se: flocos e pó.
Óleos essenciais e cebolas desidratadas são usadas pela indústria de alimentos na preparação de sopas, molhos (catchup, pimenta), temperos, maionese, embutidos de carne e rações para cães. No Brasil, as formas industrializadas mais facilmente encontradas são flocos desidratados, pastas e conservas.

Óleos

Óleos de cebola são obtidos pela destilação de cebolas picadas, as quais são deixadas descansando por várias horas antes da destilação. O óleo, um líquido âmbar escuro obtido numa proporção de 0,002 a 0,03% dependendo da fonte e das condições do processo, é usado em alimentos industrializados.

Considera-se que um grama de óleo possui sabor e aroma equivalentes a 4,4 kg de cebola fresca ou 500 g de cebola desidratada. Como o processo de destilação remove compostos voláteis que contribuem para o sabor da cebola, o óleo resultante do processo tem sabor de cebola cozida.

Cebola desidratada

A cebola desidratada é usada como aditivo em produtos industrializados como sopas, molhos e enlatados devido à facilidade de armazenamento e utilização.

A desidratação consiste basicamente na retirada de água livre do produto, com o mínimo de alteração nas características de cor, odor e sabor, e é dependente das condições de secagem e das dimensões do material. A secagem não afeta os teores de fibras, proteínas, gorduras e cinzas, porém reduz açúcares, acidez e vitamina C.

As cebolas para desidratação devem possuir características adequadas a este tipo de processamento, que são:

alto teor de matéria seca, preferencialmente acima de 20%;
alta pungência;
baixos teores de açúcares redutores;
bulbos graúdos e de formato ovalado a arredondado;
boa conservação pós-colheita com mínimo de brotamento e apodrecimento;
bulbos com coloração interna e catáfilos brancos.
Elevado teor de sólidos totais é importante para maior conservação pós-colheita e para maior rendimento industrial. Alta pungência da matéria prima é necessária, pois o produto desidratado é usado principalmente como agente aromatizante e a secagem por alta temperatura reduz sensivelmente a pungência do produto.

As características de bulbos grandes e ovalados possibilitam maior eficiência no preparo dos bulbos na fábrica, que consiste no mesmo procedimento adotado para o preparo de bulbos para pasta, ou seja, remoção das raízes e caule e da parte posterior para remoção do pseudocaule seguida de remoção das escamas.

Baixos teores de açúcares redutores e bulbos brancos são importantes para a obtenção de um produto de coloração mais clara. Cebolas com altos teores de açúcares redutores desenvolvem princípios amargos de cor escura decorrentes da caramelização dos açúcares redutores, provocada pela alta temperatura de desidratação.

Embora cultivares de bulbos vermelhos e amarelos também sejam usadas para desidratação, elas são normalmente inferiores às brancas, por terem menor pungência, além de resultarem em produto final de sabor muitas vezes amargo, como resultado de reações químicas envolvendo flavonóides, normalmente presentes em altas concentrações em cebolas amarelas, mas que são encontrados como traços nas cebolas brancas.

Geralmente 8-10 kg de cebola fresca resultam em 1 kg do produto desidratado. Para produção de pó, a cebola é moída (<0 adicionada="" ao="" b="" dextrose="" e="" mm="" p="">

Para manter a coloração clara por mais tempo, cebolas desidratadas (flocos) devem ser armazenadas em temperaturas abaixo de 15°C, em embalagens que não permitam absorção de umidade. Quando armazenadas a temperaturas maiores que 15°C, o escurecimento do produto ocorre mais rapidamente.

A liofilização, baseada na sublimação da água do produto congelado, é o método mais avançado de secagem, pois permite a desidratação do produto, com um mínimo de prejuízo à sua qualidade. Porém, é um dos processos mais caros e seus produtos exigem conservação especial, dada à alta capacidade de absorção de umidade do ambiente pelos mesmos.

Conserva de cebola

Os bulbos para conserva devem ser globulares, com coloração branca, 15 a 25 mm de diâmetro, sabor suave e alto teor de sólidos solúveis.

O primeiro passo para produção da conserva consiste na eliminação das partes basais e superiores dos bulbinhos. Em seguida, a cebola é descascada e colocada em salmoura a 10%, com adição de ácido lático 0,5%, deixando-se fermentar por 24 a 96 h.

Pastas de cebola

Pastas de cebola são produzidas puras ou com sal e são comercializadas no atacado para indústrias de alimentos processados e restaurantes industriais, e também no varejo como condimento para uso doméstico.

As pastas devem ser produzidas a partir de cebolas com elevada pungência e teor de sólidos solúveis totais, proporcionando sabor e odor adequados para um alto rendimento industrial e melhor qualidade do produto final.

No processo de trituração da cebola para fabricação da pasta, há perda de compostos voláteis, resultado num produto menos pungente, com sabor mais suave, e de muito baixo poder lacrimatório.

Cebola minimamente processada

O processamento mínimo de cebolas oferece a possibilidade de se agregar valor a classificações de cebolas que apresentam redução de valor por qualquer inadequação aos atributos de qualidade desejados pelo consumidor.

Agregar valor a estes materiais significa reduzir desperdícios, dar uma alternativa de renda aos produtores através do aproveitamento de cebolas fora do padrão de consumo in natura, gerar empregos e oferecer um produto saudável e prático ao consumidor.

Cuidados com a matéria prima

A qualidade dos produtos minimamente processados depende, sobretudo, da obtenção de matéria-prima de excelente qualidade. Assim sendo, devem ser tomados cuidados durante a condução da cultura quanto à nutrição mineral, aos controles fitossanitários e ao manejo de água e solo, entre outros; a colheita deve ser feita no ponto ótimo de maturidade hortícola do produto, o que varia de acordo com condições climáticas, solo e cultivar.

As etapas da produção de cebolas minimamente processadas são descritas a seguir:
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Seleção

Esta etapa tem a finalidade de remover eventuais materiais indesejáveis e bulbos danificados ou com podridão. É feita a classificação por aparência e tamanho, visando à adequação da matéria-prima ao processamento.


Pré-lavagem

Os bulbos são lavados com água tratada limpa e de boa qualidade para a remoção de matéria orgânica e impurezas provenientes do campo, que ficam aderidas à periderme.

Processamento

O processamento de cebola é normalmente realizado pelo fatiamento de bulbos de excelente qualidade visual e sensorial. O fatiamento pode ser feito com lâminas de diferentes espessuras, variando de 1 a 5 mm.

Enxágue 1

O primeiro enxágüe tem por finalidade remover o suco celular, que foi extravasado com o rompimento das membranas celulares no momento do corte. A retirada dessa matéria orgânica é importante para que se iniba o crescimento de microrganismos, que poderiam utilizá-la como meio de cultura. Além disso, caso a matéria orgânica permaneça, poderá ocorrer reação com o cloro da solução sanitizante, na etapa subseqüente, levando à formação de compostos indesejáveis, além de reduzir a eficiência desta solução.
Sanitização

A sanitização consiste na imersão do produto cortado em solução clorada, com concentração de 100 e 150 mg de cloro ativo/L de água limpa e com temperatura de 0 a 5° C, por aproximadamente 10 minutos. A sanitização por cloro é geralmente efetiva, comparativamente barata, e pode ser implementada em operações de qualquer tamanho.
O cloro é um potente desinfetante, com forte propriedade oxidante. É solúvel em água, seja pela injeção de gás (Cl2), ácido hipocloroso (HOCl) ou íons hipoclorito (OCl-), em quantidades que variam com o pH da água. Os termos cloro "ativo" ou "livre" descrevem a quantidade de cloro em qualquer forma disponível para reações oxidativas e desinfecção.

O pH da solução é de grande importância para sua eficácia. Apesar de a concentração de ácido hipocloroso ser maior em pH 6,0, a melhor combinação de atividade e estabilidade é alcançada na faixa de pH 6,5-7,5. Em pH menor é liberado gás cloreto da solução. O ajuste para a faixa ideal de pH pode ser feito pela adição de hidróxido de sódio e ácidos cítrico e isocítrico, em concentrações de 1 M ou subunidades (0,1 e 0,01 M).

O cloro pode se oxidar incompletamente com materiais orgânicos, levando à formação de produtos indesejáveis, como o clorofórmio (CHCl3) e outros trihalometanos, que se suspeita serem potencialmente carcinogênicos. Em pH alcalino, o cloro reage com bases nitrogenadas para produzir cloraminas.

A alta reatividade do cloro com matéria orgânica na presença de oxigênio reduz o teor de cloro ativo na água. Por isso recomenda-se a troca da solução sanitizante após 2 a 3 usos, quando o nível de cloro ativo for menor que 100 mg de cloro ativo/L.

Enxágue 2

Após a sanitização, o produto deve ser enxaguado num terceiro tanque com água limpa e adicionada de uma menor concentração de cloro (10 mL Cl ativo/L água), preferencialmente a uma temperatura entre 0 e 5° C, com vistas à minimização dos efeitos do corte sobre o metabolismo do tecido vegetal.

Centrifugação

Esta etapa visa à remoção do excesso de água acumulado na cebola durante as etapas anteriores. O tempo de centrifugação é muito importante para que não haja água na superfície das cebolas, o que poderia comprometer a qualidade do produto embalado sob vácuo parcial. O tempo ideal varia com o tipo de centrífuga, com a velocidade de rotação empregada e com o teor de água da cultivar utilizada. Testes devem ser feitos especificamente em cada agroindústria a fim de determinar-se o tempo ideal para esta operação.

Tratamentos anti-escurecimento

Tendo-se em vista que cebolas são suscetíveis ao escurecimento enzimático após o processamento mínimo, preconiza-se a utilização de agentes antioxidantes que possibilitem a minimização desse processo. Os agentes antioxidantes mais utilizados são o ácido cítrico, ácido ascórbico e ácido eritórbico. As concentrações e as combinações destas substâncias precisam ser estudadas caso a caso.

Embalagem

Produtos minimamente processados necessitam de uma embalagem que auxilie na preservação da qualidade do produto fresco em seu interior. Os produtos minimamente processados são mais perecíveis do que seus similares intactos, o que se traduz em maior taxa respiratória, maior perda d'água e alterações fisiológicas mais rápidas e mais intensas. As embalagens para esses produtos, portanto, têm a função de retardar os eventos fisiológicos listados, estendendo ao máximo a sua vida de prateleira.
As embalagens de filmes poliméricos aplicam-se bem aos produtos minimamente processados, pois permitem perda mínima de umidade e reduzem a taxa respiratória dos vegetais. Entretanto, a seleção de polímeros, com certas propriedades de transmissão de gases e vapores a uma dada temperatura, é fundamental para o estabelecimento da atmosfera adequada ao metabolismo do vegetal no interior da embalagem.

Embalagem sob vácuo parcial pode ser aplicada para cebolas minimamente processadas.

Armazenamento

A qualidade dos vegetais in natura e o controle adequado ao longo de toda a cadeia do frio são os fatores mais significantes e que irão normalmente determinar a vida de prateleira de produtos minimamente processados. Temperaturas entre 0 e 5°C são ideais para manutenção da qualidade e segurança do alimento minimamente processado.
O transporte deve ser realizado, preferencialmente, em condições frigorificadas, o que mantém a temperatura estável. No caso da inviabilidade econômica de se utilizar esse tipo de transporte, recomenda-se a utilização de caixas de isopor, previamente higienizadas com solução de hipoclorito de sódio (50 mg/L), com camadas de gelo em escamas.

A vida de prateleira de cebolas é dependente das características do produto, sendo que o tipo de corte, o tratamento antiescurecimento, a embalagem e a temperatura de armazenamento são os principais fatores que determinam a sua durabilidade.

Comercialização

Cebolas minimamente processadas podem ser comercializadas em pacotes de diversos tamanhos, dependendo do mercado-alvo. Para o mercado varejo recomenda-se a utilização de embalagem em pacotes de 200 a 300 gramas. Para mercado institucional, volumes maiores seriam mais adequados, variando de acordo com a necessidade do cliente.

Os produtos devem ficar expostos em balcões refrigerados, com temperatura ao redor de 5°C. Deve-se evitar a variação de temperatura, para que não ocorra condensação de vapor d'água na superfície interna da embalagem.


domingo, 18 de março de 2018

Pós-colheita da Cebola



Vários fungos e bactérias patogênicos são capazes de infectar os bulbos de cebola durante a fase de cultivo e após a colheita, e ocasionar desde perdas cosméticas e superficiais nas escamas externas até a deterioração completa dos bulbos. Embora a maior parte destas doenças apareçam somente no período de pós-colheita, a infecção pode ocorrer em diferentes estádios de desenvolvimento da cultura.

Em relação às doenças causadas por fungos, em regiões tropicais é comum a incidência do mofo-preto (Aspergillus) e mofo-verde (Penicillium) como causadores de perdas pós-colheita em cebola, enquanto a podridão-aquosa (Botrytis allii) é mais importante em regiões de clima mais ameno.

Outras doenças de pós-colheita em cebola causadas por fungos são antracnose (Colletotrichum circinans), podridão-basal (Fusarium oxysporum f. sp. cepae) e podridão-branca (Sclerotium cepivorum).

Entre as bactérias, as mais importantes são as podridões do bulbo ou das escamas causadas por Pectobacterium spp. e Dickeya spp. (Erwinia spp.), Burkholderia cepacia (Pseudomonas), Pseudomonas viridiflava e P. gladioli pv. alliicola. Também existem registros do envolvimento de uma levedura (Kluyveromyces marxianus) como causadora de podridão.

Em muitos casos, podem ocorrer doenças pós-colheita causadas por mais de um patógeno, envolvendo inclusive fungos e bactérias. A bactéria Burkholderia cepacia pode iniciar a infecção das escamas e Pectobacterium afetar o restante do bulbo a partir destas escamas. Situação semelhante pode ocorrer com fungos, com Pyrenochaeta causando a podridão-rosada das raízes e posteriormente Fusarium colonizando toda a região basal dos bulbos.



Controle de doenças de pós-colheita

Além do efeito direto das condições ambientais e dos tratos culturais durante o período vegetativo, a incidência de doenças de pós-colheita em bulbos de cebola está relacionada ao sistema de cura, armazenamento e comercialização. O processo de cura é muito eficiente como medida preventiva de controle de doenças pós-colheita, porque a desidratação das camadas externas impede a penetração de fungos e bactérias e ao mesmo tempo evita a perda de água dos bulbos.

Quando mantida em condição ideal, em temperatura em torno de 0ºC e 65-75% de umidade relativa, a cebola pode ser conservada por até nove meses. Nesta condição, além de minimizar a perda de água e retardar os processos metabólicos, o crescimento e o desenvolvimento de patógenos também são drasticamente reduzidos.

Os patógenos podem estar presentes nos bulbos, nas embalagens ou no ambiente de armazenamento, mas não chegam a causar danos significativos porque a condição ambiental é desfavorável às doenças de pós-colheita. Portanto, é muito importante fazer limpeza periódica do local de armazenamento, com jatos de água e detergente, e também eliminar bulbos doentes e restos de escamas.

Na comercialização, devem ser executadas inspeções periódicas e a eliminação dos bulbos doentes, com sintomas e sinais evidentes. A condição de armazenamento temporária também deve ser observada com cuidado, evitando-se ambientes muito quentes e úmidos que favorecem a proliferação de fungos e bactérias.

Cura

A cura é um processo extremamente importante na manutenção da qualidade pós-colheita das cebolas. Tem como principal função remover o excesso de umidade das camadas mais externas dos bulbos e das raízes antes do armazenamento.

A formação de uma camada de catáfilos secos (escamas) ao redor do bulbo em decorrência da cura bem feita promove uma barreira eficiente contra a perda de água e infecção microbiana e reduz a ocorrência de brotação.

Para cura, após a colheita, os bulbos são dispostos lateralmente sobre os canteiros e ficam nestas condições por 3 a 4 dias considerando-se uma região com clima quente e seco (Figura 1). É importante reduzir a incidência direta de luz solar sobre os bulbos, o que pode ocasionar o aparecimento de manchas esbranquiçadas nos bulbos, típicas de queimadura por sol.


Figura 1. Cura da cebola a campo

Recomenda-se que os bulbos sejam protegidos pela parte aérea da planta vizinha e assim por diante.

Em regiões úmidas, a cura das cebolas pode demorar um pouco mais e, em algumas situações, maior incidência de podridões pode ocorrer durante o armazenamento prolongado.

Quando feita no campo, a cura ocorre de maneira mais satisfatória quando prevalecem temperaturas o redor de 24ºC e umidade relativa variando de 75 a 80%, o que garante o desenvolvimento satisfatório da coloração da casca.

Terminada a cura a campo, o bulbos devem ser transferidos para um local sombreado, sem incidência de luz solar direta, com temperatura entre 25 e 30ºC e umidade relativa variando entre 70 e 75%. Nestas condições, a cura é finalizada após 10 a 15 dias.

Quando se optar por realizar a cura em locais cobertos como galpões, as cebolas podem ser agrupadas em réstias que serão penduradas em ganchos. Nestas condições, a cura ocorrerá em intervalo de tempo similar ao do campo. Ainda neste caso, os bulbos podem ser curados com a aplicação de ar aquecido, que é insuflado através das réstias de cebola, contribuindo para uma secagem mais rápida das camadas mais externas.

A temperatura recomendada do ar é de 30 a 40ºC e a umidade relativa deve ficar ao redor dos 30%, o que possibilita a cura entre 7 e 10 dias, que é considerada completa quando o pescoço do bulbo estiver seco. O controle de umidade durante esta etapa é crucial, pois em locais onde a umidade é elevada existe risco de maior ocorrência de doenças fúngicas.

Por outro lado, em locais onde a umidade relativa é baixa (abaixo de 60%), perda excessiva de água e rachadura das camadas mais externas do bulbo podem ocorrer. O processo de cura reduz a massa do bulbo e uma vez que a cebola é vendida por peso, atingir o ponto ideal de cura é um processo crítico.

Perdas de peso da ordem de 3 a 5% são normais sob condições ambiente, enquanto que perdas de até 10% podem ocorrer no caso da cura ser feita artificialmente. A parte do bulbo que ficou em contato direto com o solo pode desenvolver manchas amarronzadas, as quais diminuem a qualidade final do bulbo.

Obviamente, o processo de cura a campo depende das condições climáticas da região e, portanto, não se aconselha que seja o método escolhido no caso de grandes quantidades de cebola.

Classificação e embalagem


A classificação da cebola é feita em classificadores mecânicos de acordo com o diâmetro transversal do bulbo, obtendo-se as seguintes classes: 1-chupeta (< 35 mm); 2  (35 ≤ Φ < 50 mm); 3 (50 ≤ Φ < 70 mm); 4 (70 ≤ Φ < 90 mm); 5 (> 90 mm).
A comercialização da cebola em nível de atacado se dá em sacos de aniagem ou de nylon de 20 kg (Figura 1). Em nível de varejo, o produto é normalmente exposto à granel.
Supermercados de regiões mais nobres adotam a prática de embalar 6 a 8 bulbos, de tamanho e coloração uniformes, em bandejas de isopor (poliestireno) envoltas com filme de PVC, agregando informações como procedência, nome da cultivar, composição nutricional e, em alguns casos, até receitas.
Em ambas situações, deve-se evitar o transporte e o armazenamento de cebolas juntamente com outros produtos, que podem absorver o odor da cebola.




sábado, 10 de março de 2018

Cultivo da Mizuna (Brassica rapa var. nipposinica)



Brassica rapa var. nipposinica
Mizuna - A Mizuna (ミズナ) é uma hortaliça cultivada desde a antiguidade no Japão, que tem vindo a ser generalizada na Europa nas últimas décadas, tornando-se provavelmente na mostarda Oriental mais conhecida e utilizada no Ocidente. A Mizuna é muito saborosa e possui excelentes propriedades nutricionais, anti-inflamatórias, anti-virais e anti-histamínicas, sendo particularmente indicada para consumo em saladas de folhas baby, sandes, pratos de carne, frango ou frutos do mar. As folhas maiores podem acompanhar outros legumes em pratos cozinhados ao vapor, cozidos ou refogados. As folhas serrilhadas de cor verde profundo também são muito utilizadas na decoração de diferentes tipos de pratos.
A mizuna é uma hortaliça cultivada extensivamente no Japão. Suas folhas mais jovens podem ser consumidas cruas em saladas e as outras folhas normalmente são consumidas cozidas ou refogadas. Seu sabor é moderadamente picante.
A mizuna tem sabor picante, mas menos picante que a rúcula, por exemplo 

Clima

A mizuna é uma hortaliça resistente que pode ser cultivada em várias condições climáticas, com plantas adultas geralmente suportando bem tanto baixas temperaturas de inverno quanto altas temperaturas de verão. No entanto, plantas cultivadas em clima quente geralmente tem um período de vida mais curto e produzem folhas de pior qualidade. Em regiões de clima frio, é cultivada no inverno com uma cobertura de proteção.

Luminosidade

A mizuna pode ser cultivada com iluminação solar direta ou em sombra parcial, mas com boa luminosidade. Em regiões de clima quente ou se cultivada durante o verão, evite que a planta fique exposta diretamente ao sol durante as horas mais quentes do dia.
A mizuna é cultivada principalmente em clima ameno ou frio

Solo

Cultive em solo bem drenado, fértil, rico em nitrogênio e rico em matéria orgânica. O pH do solo deve estar acima de 5,5.

Irrigação

Irrigue de forma a manter o solo sempre úmido, sem que fique encharcado. Esta hortaliça é sensível à falta de água, especialmente em dias quentes.
Mudas de mizuna

Plantio

As sementes podem ser semeadas no local definitivo da horta ou em sementeiras e outros recipientes, sendo transplantadas quando as mudas tiverem pelo menos 2 folhas verdadeiras.
O espaçamento pode ser de 10 cm para colher plantas pequenas a 45 cm para obter plantas maiores. A mizuna também pode ser cultivada facilmente em vasos e jardineiras.

Tratos culturais

Retire plantas invasoras que estiverem concorrendo por recursos e nutrientes.
Cultivar de mizuna com folhas finas e muito serrilhadas

Colheita

A colheita das folhas da mizuna pode ser feita em qualquer momento durante o ciclo de vida das plantas. As plantas tornam-se bem desenvolvidas de 50 a 70 dias após o plantio. Retire as folhas individualmente quando necessário ou colha todas as folhas. A planta normalmente rebrota após a colheita das folhas, permitindo que sejam feitas várias colheitas.

quinta-feira, 1 de março de 2018

Doenças causadas por bactérias e nematoides na Cebola



Doenças causadas por bacterias

A cebola pode ser atacada por várias espécies bacterianas; somente no Brasil, mais de 10 já foram relatadas (Tabela 1).

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Tabela 1. Doenças bacterianas da cebola relatadas no Brasil.

Fonte:  MARQUES, A.S.A.; ROBBS, C.F.; BOITEUX, L.S.; PARENTE, P.M. Índice de fitobacterioses assinaladas no Brasil.   Embrapa-Cenargen, 1994. 65p.

A maioria delas ataca o bulbo, que é um órgão com alto teor de água, condição que, de um modo geral, favorece o desenvolvimento de bactérias. Entretanto, quatro dessas espécies merecem destaque por ocorrerem com maior frequência e estarem distribuídas nas principais regiões produtoras de cebola.

As doenças causadas por essas espécies são conhecidas popularmente como podridão mole, podridão aquosa, camisa d'água, podridão bacteriana da escama e pescoço mole, embora outros nomes diferentes possam ser usados regionalmente. O diagnóstico correto dessas podridões é normalmente difícil, pois os sintomas podem ser confundidos em especial após a invasão dos tecidos apodrecidos por microrganismos secundários saprófitos.

As medidas de controle dessas bacterioses é comum e deve ser preventivo.

Podridão mole
É uma das principais doenças de pós-colheita, ocorrendo com maior freqüência quando a colheita ocorre em épocas quentes e chuvosas. A doença pode ser muito agressiva em temperaturas acima de 25ºC, e pode ocorrer durante o armazenamento e a comercialização, confundindo-se com outras podridões bacterianas.

É causada por espécies dos gêneros Pectobacterium e Dickeya, que antes faziam parte do gênero Erwinia, associado a uma extensa gama de plantas hospedeiras. Embora somente o primeiro tenha sido relatado (P. carotovorum subsp. carotovorum), acredita-se que ambas existam no Brasil em função da grande variabilidade do gênero Erwinia encontrada em levantamentos já realizados no país, inclusive em cebola.

A bactéria penetra na planta pelo pescoço, no final do ciclo, e atinge o bulbo, iniciando o processo de apodrecimento, que é mais rápido em altas temperaturas. Ferimentos nas plantas e nos bulbos facilitam a penetração da bactéria e aceleram a deterioração do produto. O tecido infectado fica com uma aparência vitrificada e encharcada, com uma cor creme. É comum a podridão ficar isolada em algumas escamas, com as escamas vizinhas permanecendo sadias. Com o passar do tempo, a infecção avança para uma podridão mole característica, escurece e emite mal cheiro, muito em função da invasão de bactérias saprófitas.

Podridão das escamas
A podridão das escamas pode ser considerada uma doença complexa, pois envolve mais de uma espécie de bactéria. Na Região Sudeste do Brasil, foi chamada de "podridão bacteriana das escamas" ou "camisa d'água" quando associada com B. cepacia. Neste caso, as escamas mais externas apodrecem e, ao secar, ficam amarelecidas, deixando um odor avinagrado aos bulbos.

Ainda na Região Sudeste, quando B. gladioli subsp. alliicola foi o agente causador da podridão, a doença foi relatada como "pescoço mole". Neste caso, a podridão inicia nas camadas mais internas do bulbo em função da evolução da doença após a infecção do pescoço da planta. Bulbos infectados são aparentemente normais, porém, quando pressionados na base, expelem a parte central doente. Essa fase é temporária, pois é comum o bulbo apodrecer por completo pela invasão de microrganismos saprófitos.

Ambas a bactérias penetram na planta pelo pescoço através de aerossóis contaminados com bactérias presentes no solo.

Doenças causadas por nematoides

Muitos gêneros de fitonematoides estão associados à cebola, mas apenas algumas espécies de Meloidogyne e Ditylenchus dipsaci foram estudadas em associação com esta cultura de forma significativa.

Nematoide-das-galhas
O nematoide-das-galhas apresenta distribuição mundial e as várias espécies existentes são parasitas obrigatórios com extensa gama de hospedeiros incluindo a cebola. É um endoparasito sedentário que se alimenta nas raízes de cebola.

Meloidogyne incognita, M. javanica, M. hapla e M. chitwoodi têm sido relatados como parasitas de cebola. Em relação a M. incognita, quatro raças já foram identificadas mediante teste dos hospedeiros diferenciadores.

Raças de M. javanica e M. hapla não foram identificadas, embora variações na capacidade de parasitar plantas de cebola podem ser esperadas entre populações coletadas de diferentes regiões.

O sintoma de ataque do nematoide-das-galhas mais visível em cebola é a formação de galhas nas raízes. As galhas são geralmente menores (1-2 mm de diâmetro) em cebola comparadas com outras culturas. O sistema radicular infectado é normalmente mais curto e apresenta menor número de raízes.

Geralmente ocorrem sintomas adicionais devido a presença do nematoide-das-galhas, como o estande irregular de plantas (reboleiras), nanismo e amarelecimento. Danos à cebola estão diretamente relacionados ao nível populacional inicial do nematoide-das-galhas.

Massas de ovos são freqüentemente observadas na superfície de raízes de cebola, mesmo quando galhas não são visíveis. As massas de ovos variam do branco ao marrom escuro e possuem cerca de 0,5 a 1 mm de diâmetro. Quando galhas ou segmentos de raízes contendo massas de ovos são dessecadas, fêmeas de Meloidogyne de coloração branca-pérola podem ser observadas ao microscópio

O ciclo de vida das espécies de Meloidogyne tem início com um ovo, geralmente na fase de uma célula, depositado pela fêmea. Os ovos são depositados em uma matriz gelatinosa, que os mantêm agregados. A massa de ovos pode conter de 100 a mais de 1.000 ovos dependendo da cultivar de cebola, temperatura, umidade e tipo de solo.

O desenvolvimento do ovo começa dentro de algumas horas após sua deposição, e, eventualmente, um juvenil totalmente formado com um estilete visível permanece enrolado no interior do ovo. Este é o primeiro estádio juvenil (J1). Depois de uma ecdise ainda dentro do ovo, o juvenil eclode do ovo (J2) podendo se mover aleatoriamente dentro da massa de ovos ou migrar para o solo até localizar uma ponta do sistema radicular. Estes juvenis geralmente penetram nas raízes por meio da coifa. Uma vez dentro da raiz, eles migram intracelularmente e intercelularmente dentro do sistema radicular. Tornam-se sedentários e com sua alimentação ocorre à formação de células gigantes multinucleadas ao redor do seu sítio de alimentação.

O corpo dos nematoides avoluma-se e passa por mais três ecdises sucessivas, com o desenvolvimento em fêmeas totalmente incorporadas dentro do tecido radicular. Os machos vão para o solo e não se alimentam. A deposição de ovos pela fêmea completa o ciclo de vida de Meloidogyne. A duração do ciclo de vida do nematoide-das-galhas é muito influenciada pela temperatura. Temperaturas ótimas variam de 15ºC a 25ºC para M. hapla e 25ºC a 30ºC para M. incognita e M. javanica. Existe pouca atividade para qualquer espécie de Meloidogyne acima de 40ºC ou abaixo de 5ºC.

Geralmente os danos são mais severos em solos arenosos do que em argilosos. Aparentemente, isto está relacionado com o tamanho de poros e maior mobilidade dos nematoides no filme de água presente nos poros dos solos arenosos.

Nematoide do caule e do bulbo
O nematoide do caule e do bulbo da cebola e do alho é bastante problemático nestas duas culturas, principalmente por causa de sua ocorrência e disseminação mediante lotes de sementes de bulbos infectados.

Esta doença é mais comum no Brasil quando se planta cebola em sucessão ao alho, o que ocorre com certa freqüência em regiões produtoras do Estado de Santa Catarina. Ditylenchus dipsaci apresenta um complexo de raças que são diferenciadas umas das outras pela habilidade de parasitar diferentes hospedeiros. Muitas raças são específicas de determinado hospedeiro, enquanto outras têm uma ampla gama de hospedeiros. O nematoide do alho e da cebola parasita tanto as raízes, quanto caule, bulbo, pseudocaule e folhas.

Os sintomas da doença em cebola incluem nanismo, dobra de folhas, inchaço e divisão longitudinal extensa de cotilédones e folhas. As folhas ficam curtas e espessas e muitas vezes apresentam manchas marrons ou amareladas, além de inchaço no pseudocaule. Em campo os sintomas manifestam-se na forma de reboleiras, com plantas raquíticas e amarelecidas.

Mudas infectadas ficam retorcidas, cloróticas e deformadas e freqüentemente morrem em áreas altamente infestadas. Ao longo do ciclo da cultura, a folhagem da cebola cai e ocorre chochamento do pseudocaule do bulbo que gradualmente vai afetar todo órgão.

Controle

O controle dos nematoides em cebola, assim como para doenças de modo geral, deve ser feito de forma integrada, isto é, pela adoção de várias medidas preventivas que visam a reduzir a intensidade do seu ataque, como por exemplo:

evitar o plantio de cebola em áreas que já haviam sido ocupadas por alho;
usar bulbos livres de nematoides (principalmente na produção de sementes);
usar sementes livres de nematoides, no caso de Ditylenchus;
fazer rotação com culturas que não sejam hospedeiras das espécies de nematoides envolvidas;
destruir restos de cultura e de plantas voluntárias;  
a inundação do solo durante algumas semanas é eficiente e pode ser usada. Quando possível, fazer rotação com arroz irrigado;
nematicidas podem ser eficientes em alguns casos, mas estes são geralmente muito tóxicos e podem causar contaminação de mananciais;
em situações extremas e quando possível, proceder a erradicação com fumigantes.


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