google.com, pub-8049697581559549, DIRECT, f08c47fec0942fa0 HORTA E FLORES: janeiro 2018

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Plantas Daninhas na Cultura da Cebola



Dentre os vários fatores que ocasionam perdas na produção da cultura da cebola, destacam-se os efeitos da interferência das plantas daninhas. A interferência na cultura da cebola decorre do porte baixo e desenvolvimento inicial relativamente lento da cultura. Em função da sua arquitetura, com folhas eretas e cilíndricas, a cebola apresenta baixa cobertura da superfície do solo, permitindo a emergência das plantas daninhas em qualquer fase de seu desenvolvimento.
A época e a duração do período em que as plantas daninhas e a cultura da cebola convivem, influenciam na intensidade da matointerferência. As plantas daninhas que emergem antes ou concomitantemente com a cebola causam maiores perdas na produção do que aquelas que emergem tardiamente.
A interferência exercida pelas plantas daninhas reduz significativamente o crescimento das plantas de cebola, cujas folhas ficam pequenas, delgadas e com pouca área foliar. Além de reduções na produção de bulbos da cultura, as plantas daninhas podem interferir na qualidade dos mesmos.
Trabalhos de pesquisa mostraram que a convivência da cultura com as plantas daninhas durante os primeiros 98 dias reduziu a produtividade da cebola em 95% e a massa média de bulbos em 91%. Portanto, o controle das plantas daninhas nessa cultura é de extrema importância para assegurar a produtividade.
Geralmente, a interferência das plantas daninhas provoca a bulbificação antecipada e a parada precoce da emissão de folhas, o que resulta na produção de bulbos pequenos. Essas também podem reduzir a produção de cebola por serem hospedeiras de pragas e patógenos da cultura.
O cultivo de cebola é dependente da capacidade operacional em manter as áreas livres da interferência das plantas daninhas, pelo menos durante o período crítico, ou seja, até que a cultura desenvolva e cubra suficientemente a superfície do solo e não sofra mais interferência significativa.
O período crítico de prevenção da interferência é aquele em que a cultura deve permanecer livre da interferência imposta pelas plantas daninhas para não comprometer sua produção. Corresponde ao intervalo de tempo durante o qual as plantas daninhas têm que ser controladas para prevenir perdas inaceitáveis de produção. Entretanto, o período crítico é variável conforme a localidade, condição de cultivo e manejo, e o conhecimento da amplitude dos seus valores permitem estimar as épocas mais adequadas para o controle das plantas daninhas.
A cebola é uma das hortaliças mais sensíveis à interferência das plantas daninhas, podendo ocorrer reduções de 30%, 68% e 94% na produção de bulbos, quando o período da interferência após a emergência for de quatro, cinco e seis semanas, respectivamente.
Resultados de pesquisa sobre a interferência na cultura indicam, em média, períodos críticos do 21° ao 63° dia e do 27° ao 56° dia do ciclo cultural da cebola para os sistemas de semeadura direta e transplante de mudas, respectivamente.
Em lavouras formadas a partir de mudas, o período crítico normalmente é menor devido a vantagem competitiva da cultura em relação às plantas daninhas, uma vez que as mudas são levadas ao campo com 40 a 70 dias de idade, sendo essa considerada como uma tática de controle cultural. No entanto, dependendo da agressividade das plantas daninhas presentes na área de cultivo e das condições da lavoura de cebola, o período crítico de controle pode durar todo o ciclo.

Controle

Dentre os métodos de controle de plantas daninhas utilizados na cultura da cebola, destacam-se o cultural (o mais importante), o mecânico e o químico. Entretanto, o ideal é que esses métodos sejam utilizados de forma integrada, complementando um ao outro, caracterizando, assim, o que corriqueiramente chamamos de manejo integrado. Contudo, para se obter sucesso no controle das infestantes, devem-se observar aspectos importantes quando da implementação dos métodos de controle, entre eles a espécie invasora predominante, a época de emergência dessas e seu estádio de desenvolvimento.
Os métodos culturais englobam práticas que tornam a cultura mais competitiva em relação às plantas daninhas. Dentro desse contexto, a escolha adequada de cultivares para cada situação é uma das práticas mais importantes, devendo ser somada à rotação de culturas, ao emprego de plantas de cobertura e adubos verdes nos cultivos intercalares, ao manejo adequado da água do solo, a correção do pH do solo e uso de fertilizantes apropriados, ao espaçamento entre linhas adotado, ao plantio em épocas mais adequadas, dentre outras. Uma das práticas deliberadamente ignoradas, em geral, é o estabelecimento de um bom estande no qual as plantas emergem, crescem e rapidamente cobrem o solo.
A completa eliminação manual (cultivos e capinas manuais) das plantas daninhas é difícil e onoresa, sobretudo devido ao espaçamento estreito da cebola quando em densidade alta, o que torna obrigatória a utilização de outros métodos mais eficientes para controlá-las. O método de cultivo mecânico apresenta o inconveniente de não eliminar as plantas daninhas nas fileiras e, muitas vezes, danifica o sistema radicular e as folhas da cebola.
Diante disso, o controle químico, por meio do uso de herbicidas, apresenta-se como o método mais eficiente no manejo de plantas daninhas em cultivos de cebola, principalmente em áreas bastante infestadas, por proporcionar melhores resultados nas linhas da cultura, não danificar o sistema radicular e pela economia de mão de obra. Os herbicidas devem ser escolhidos em função da eficácia, da segurança, economia e recomendações técnicas, levando-se em conta o programa de rotação de culturas e outras recomendações específicas para o sistema de cultivo
Comprovadamente, a tolerância da cebola ao herbicida oxyfluorfen aumenta com a emissão de novas folhas. De maneira análoga, há menor intoxicação das plantas de cebola pelo herbicida bentazon em cultivares com alta cerosidade nas folhas.
A quantidade de ceras na cutícula foliar varia de acordo com a genética e a idade das plantas de cebola. Podem-se classificar as cultivares, basicamente, em dois grupos: mais e menos cerosas. Entre as mais cerosas estão todas as cultivares brasileiras: Alfa Tropical, BRS Alfa São Francisco, Vale Ouro IPA 11, Franciscana IPA 10, Aurora, Crioula Mercosul, Bola Precoce, Madrugada, Primavera, etc. Entre as menos cerosas estão as cultivares com sementes importadas, especialmente as dos tipos Grano e Granex.
As plantas de cebola no sistema de semeadura direta são muito sensíveis aos herbicidas nas primeiras semanas do seu ciclo. Entre as técnicas de manejo mais eficientes e seguras, o fracionamento e escalonamento das doses dos herbicidas têm contribuído para aumentar a seletividade à cebola, principalmente nos estádios iniciais de crescimento das plantas originadas de semeadura direta.
No sistema de cultivo com transplante de mudas, as plantas de cebola são mais tolerantes aos herbicidas devido à aplicação ser feita em estádio avançado de desenvolvimento das plantas. Nessas condições, as plantas apresentam-se com maior quantidade de ceras nas folhas e com as bainhas imbricadas e relativamente protegidas do contato dos herbicidas. O período de estabelecimento das plantas transplantadas é o momento adequado para a aplicação dos herbicidas, uma vez que as plantas apresentam-se com déficit hídrico, reduzida atividade metabólica, havendo, consequentemente, menor absorção e translocação dos herbicidas pelas mesmas.
O controle químico implica, em geral, no uso de um tratamento inicial em pré-emergência seguido de um ou dois em pós-emergência, mesmo que algum ingrediente ativo possa causar, temporariamente, intoxicação à cebola. Em casos de escapes de plantas daninhas, o controle mecânico pode complementar o controle químico.
Finalmente, antes dos herbicidas serem utilizados em maior escala, o agricultor deve se familiarizar com os produtos e a tecnologia de aplicação. É necessária a realização de pequenos testes, em uma ou mais épocas do ano; usar os bons resultados de outros usuários, ou ter orientação técnica mais especializada. Nunca se esquecer de verificar e anotar os resultados alcançados nas áreas tratadas e melhorar o programa de manejo para o próximo ano. O benefício obtido com os métodos usados em cada situação é muito importante para aprimoramento das relações do sistema.
Na Tabela 1 estão os herbicidas registrados para a cebola no Ministério da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento - MAPA, bem como algumas de suas características mais importantes.
Informações adicionais sobre os herbicidas poderão ser obtidas diretamente com as empresas fabricantes e distribuidoras dos produtos.
Tabela 1: Herbicidas registrados para a cultura da cebola no Brasil
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1 - Alguns dos produtos têm boa ação em ambos os grupos de plantas. A ação total refere-se à aplicação dirigida ou protegida, dessecação ou manejo de plantio direto.
2 - Ler e seguir as instruções dos rótulos e das monografias de registro. A inclusão ou exclusão de um produto depende da validade de registro.
3 - PPI = pré-plantio incorporado ao solo; PRÉ = pré-emergência da planta daninha; PÓS = pós-emergência da cultura e da planta daninha; PP = pré/pós-plantio: entre o preparo do solo e a semeadura direta/transplante ou após o plantio em pós-emergência das plantas daninhas e obrigatoriamente antes da emergência da cultura; PÓSd = aplicação dirigida às entrelinhas da cultura.
4 - SD = cebola de semeadura direta; TR = cebola de transplante de mudas.
5 - Principais instruções e limitações de uso dos produtos, conforme as monografias dos produtos registrados (Adaptado: http://extranet.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons).

Flumyzin 500 e Sumisoya (flumioxazin) - a aplicação deve ser realizada sem a adição de qualquer adjuvante ou espalhante à calda de pulverização. Usar as menores doses em solos arenosos (leves) e as doses maiores em solos argilosos (pesados). Para o capim-colonião (Panicum maximum), usar a dose somente em solos arenosos (leve). Fazer uma aplicação, dois ou três dias após o transplante das mudas, antes da emergência das plantas daninhas. Evitar a aplicação em condições de seca (plantas com deficiência hídrica).
Totril (ioxynil) - em lavoura de semeadura direta, aplicar em cebola com mais de três folhas e no início do crescimento das plantas infestantes, em pós-emergência precoce, quando as mesmas apresentarem de duas a quatro folhas. Em lavoura de transplante, aplicar após o enraizamento da cebola e no início do crescimento das plantas infestantes, em pós-emergência precoce, quando as mesmas apresentarem de duas a quatro folhas. Recomenda-se uma única aplicação por ciclo da cultura.
Ronstar 250 BR (oxadiazon) - recomenda-se a aplicação pós-repicagem, em pré-emergência das plantas daninhas (4 L/ha) e após o transplante das mudas. Em solos leves pode-se usar 3,0 litros/ha. Em solos com teor de matéria orgânica igual ou superior a 3,5%, uma redução no controle das plantas daninhas poderá ser observada.
Afalon 450 SC e Afalon SC (linuron) - as aplicações podem ser realizadas tanto em pré-emergência quanto em pós-emergência da cultura e plantas daninhas. Nas aplicações em pós-emergência, essas deverão encontrar-se na fase inicial de desenvolvimento e não ter mais do que três a quatro folhas, sendo que no momento da aplicação, também não deverão estar molhadas por ocorrência de chuvas e orvalhos. Não aplicar em solos com presença de ciscos, torrões, pedras ou outros resíduos que venham prejudicar a boa distribuição do produto. Evitar aplicações em terrenos secos. Chuvas ligeiras ou leve irrigação podem ser favoráveis. Nas primeiras semanas apos aplicações em pré-emergência, não se deve cultivar o solo. Esses produtos não devem ser aplicados em solos arenosos com baixo teor de matéria orgânica. A adsorção da substância ativa pelo solo aumenta com o teor da matéria orgânica, motivo pelo qual se recomenda usar o produto em doses proporcionalmente maiores nos solos pesados e/ou ricos em matéria orgânica. Usar as menores doses em solos arenosos (leves) e as doses maiores em solos argilosos (pesados).

Linurex Agricur 500 WP (linuron) - realizar uma única aplicação, em área total, em pré-emergência das plantas daninhas e após o transplante da cebola. Aplicar o produto quando a cultura estiver no estádio de duas a três folhas definitivas, ou seja, até 13 dias após o transplante da cebola. Aplicar o produto quando houver boa disponibilidade de água no solo (solo úmido).
Galigan 240 EC (oxyfluorfen) - deve ser pulverizado em área total, em pós-plantio (cebolas transplantadas) ou pós-emergência (semeadura direta) da cultura e em pré-emergência das plantas daninhas que se deseja o controle.

Herbadox e Herbadox 400 EC (pendimenthalin) – são recomendados para aplicações em pré-emergência da cebola transplantada, controlando gramíneas anuais e certas folhas largas, porém não controla plantas estabelecidas antes da aplicação.
Select 240 EC e Lord (clethodin) - são herbicidas graminicidas pós-emergentes, sistêmicos, altamente seletivos para a cultura da cebola. É efetivo contra ampla faixa de gramíneas anuais e perenes, apresentando pouca ou nenhuma atividade sobre as plantas daninhas de folhas largas e ciperáceas. É essencial a adição do óleo mineral Lanzar à calda de pulverização na concentração de 0,5 v/v. A aplicação deve ser realizada uma vez quando a maioria da sementeira das gramíneas tenha germinado, podendo ser feita em qualquer estádio de crescimento da cultura, porém, antes do estabelecimento da competição. Devem ser aplicados em gramíneas em fase ativa de crescimento, no caso de gramíneas anuais no estádio de quatro folhas até quatro perfilhos, e no caso de gramíneas perenes de 20 a 40 cm. As doses maiores devem ser utilizadas para controlar as plantas daninhas em estádio de crescimento mais avançado. Não fazer aplicações onde culturas de gramíneas possam ser atingidas.
Targa 50 EC (quizalofop-p-ethyl) - é um herbicida seletivo para a cultura da cebola, devendo ser aplicado em pós-emergência das plantas daninhas. Para um melhor controle, aplicar o produto quando as plantas daninhas estiverem em pleno desenvolvimento vegetativo e no máximo com quatro perfilhos. Não há necessidade de adição de óleos ou espalhante à calda de pulverização.
Podium S (clethodim + fenoxaprop-p-ethyl) - aplicar em pós-emergência da cultura e com as gramíneas no estágio de dois a quatro perfilhos, em única aplicação. Deve ser utilizado com óleos minerais na dose de 1,0 L/ha e é incompatível com produtos à base de dinitro e herbicidas hormonais, devendo-se observar um intervalo entre aplicações de 6 dias.
Podium EW (fenoxaprop-p-ethyl) - é um herbicida seletivo pós-emergente, indicado para o controle de gramíneas invasoras anuais na cultura da cebola, devendo ser aplicado na altura 5 a 10 cm da cultura. As aplicações devem ser feitas depois da maioria das gramíneas terem emergido, mas antes da cultura ser prejudicada pela interferência imposta pelas mesmas. Esse produto dispensa a adição de surfactantes ou óleos na calda de pulverização, pois já os contém em sua formulação e é incompatível com produtos à base de dinitro e herbicidas hormonais, devendo-se observar um intervalo entre aplicações de 6 dias.

Iloxan CE (diclofop-methyl) - é um herbicida seletivo com ação residual que controla seletivamente, em pós-emergência, plantas daninhas na cultura da cebola. Nunca fazer aplicação do
Iloxan CE para controlar plantas daninhas remanescentes de aplicações com oryzalin (Surflan).
Fusilade 250 EW (fluazifop-p-ethyl) – é indicado para o controle de gramíneas anuais e perenes na cultura da cebola, devendo-se observar a espécie a ser controlada e seu estádio de crescimento para a escolha da dose a ser aplicada. A pulverização deve ser realizada em pós-emergência da cultura e da planta daninha, podendo ser feita aplicação única ou sequencial. As aplicações únicas devem ser feitas entre 20 e 30 dias após o plantio da cultura. As aplicações sequenciais, que consistem em dividir a dose em duas aplicações, com o cuidado de não se ultrapassar a dose máxima indicada para a cultura e planta daninha, podem ser recomendadas para as seguintes situações: 1) quando as plantas daninhas germinam logo após o estabelecimento da cultura; 2) quando as características da área e o clima favorecem mais de um fluxo de germinação das plantas daninhas; 3) sob condições climáticas medianamente secas e 4) quando a área a ser tratada apresenta plantas daninhas em estágios de crescimento muito variáveis (infestação desuniforme). Nessas condições, recomenda-se a aplicação de 0,25 a 0,5 L p.c/ha, dependendo da planta daninha a ser controlada, e complementação com outra aplicação da mesma dose 5 a 10 dias após a primeira aplicação.
Premerlin 600 EC (trifluralin) - é indicado para aplicações em pré-emergência das plantas daninhas, antes do transplante das mudas. A dose a ser aplicada irá depender da incorporação ou não do herbicida ao solo, da profundidade de incorporação (normal = 0-12 cm ou superficial = 2 cm) e da textura do solo. As aplicações incorporadas devem ser realizadas imediatamente antes do transplante das mudas ou no intervalo de até seis semanas antes. Nas aplicações sem incorporação em solos com teores de matéria orgânica acima de 5%, deve-se aplicar a dose maior recomendada. Não aplicar em solos com mais de 10% de matéria orgânica. Incorporar com uma capinadeira de dentes ou grade de arrasto totalmente travada. É proibida a utilização desse produto em situações que possa haver risco de exposição para organismos aquáticos. Aplicar em solos bem preparados, o mais próximo possível a ultima gradagem, com umidade suficiente para a germinação das sementes. Não aplicar em solos com menos de 2% ou mais de 10% de matéria orgânica.
Trifluralina Nortox (trifluralin) - é indicado para aplicações imediatamente ou até seis semanas antes do transplante da cebola. O terreno deve estar livre de torrões, restos de culturas, plantas daninhas já estabelecidas e com bom teor de umidade. O produto deve ser incorporado ao solo à profundidade de 5 a 10 cm, dentro de no máximo 8 horas após a aplicação. A incorporação deve ser feita com grade de discos ou enxada rotativa.]
Reglone (diquat) - pode ser utilizado no controle de plantas daninhas, em pulverização com jato dirigido, em área total antes da semeadura/transplante de mudas, ou antes da emergência da cultura. Em todas as pulverizações devem ser observados os seguintes aspectos: a) pulverize as plantas daninhas nos primeiros estádios de crescimento (5 a 15 cm), podendo ser reaplicado se houver reinfestação, ou de forma alternada com outros herbicidas; b) utilizar sempre o espalhante adesivo Agral a 0, 1% v/v e c) fazer sempre uma cobertura uniforme das plantas daninhas a serem controladas. Quando a pulverização acontecer nas entrelinhas, com jato dirigido, utilizar os protetores de bicos, evitando que a deriva atinja a cultura. Depois de um período de seca é importante esperar que o solo tenha sido completamente molhado pela chuva em volta das raízes. Não aplicar com solo seco. 



sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Influencia do clima no desenvolvimento da Cebola



Ausência de bulbificação

Cada cultivar de cebola, em geral, requer comprimento de dia específico para bulbificar. Sendo fisiologicamente de dias longos para bulbificação, sob fotoperíodos muito curtos, as plantas produzem folhas continuamente e não bulbificam, mesmo após períodos longos de crescimento.

Assim, em condições de comprimento de dia e de temperatura insuficientes, muitas plantas formarão apenas "charutos" (Figura 1). Temperaturas baixas, em geral abaixo de 10ºC podem alongar o fotoperíodo crítico e prejudicar a formação dos bulbos. O engrossamento do pseudocaule é favorecido quando as plantas são expostas a breves períodos de frio extremo (<6 b="">

  Figura 1. Cebolas com pseudocaule grosso e com dificuldades de bulbificação

Bulbificação precoce

Uma característica peculiar da cebola é que, iniciada a fase de crescimento de bulbo, há paralisação do crescimento das folhas. Por isso, o tamanho do bulbo na colheita é bastante influenciado pelo tamanho e pelo número de folhas na planta, sendo importante que o estímulo do fotoperíodo apenas ocorra após a planta ter atingido determinado grau de crescimento para que esteja apta a produzir um bulbo grande e bem formado.

Entretanto, ainda que a duração do dia seja o fator principal para a indução, formação e maturação de bulbo, seus efeitos são modificados pela temperatura, tal que, temperaturas acima de 35ºC durante a fase inicial de crescimento das plantas podem promover a bulbificação precoce, com conseqüente produção de bulbos pequenos (Figura 2). A bulbificação precoce estimulada por temperaturas altas é um dos inconvenientes do plantio no verão no Brasil.


   Figura 2. Bulbos de tamanho variável e, em geral, pequenos devido à bulbificação 

Florescimento prematuro

A temperatura é o fator meteorológico mais importante na passagem das plantas de cebola da condição vegetativa para a reprodutiva. De modo geral, a ocorrência de temperaturas entre 5 e 13ºC por pelo menos 30 dias provocam florescimento ("bolting") (Figura 3), sendo que cultivares tropicais são normalmente menos exigentes em frio que cultivares de clima temperado.

A ocorrência de florescimento, embora essencial em culturas destinadas à produção de sementes, é indesejável em culturas destinadas à produção de bulbos, pois os bulbos de plantas florescidas são em geral descartados na comercialização.

Plantas de maior porte requerem menor tempo de exposição a baixas temperaturas para florescerem, logo, práticas culturais que favoreçam o maior crescimento de plantas como a adubação em excesso no início do ciclo, devem ser evitadas quando existe a possibilidade de temperaturas muito baixas.


  Figura 3. Plantas de cebola exibindo florescimento prematuro

Bulbos duplos

É uma desordem fisiológica normalmente atribuída ao excesso de umidade no solo e/ou excesso de nitrogênio. A formação de bulbos duplos (Figura 4) é indesejável, sendo estes, em geral, descartados na comercialização.

  Figura 4. Plantas de cebola exibindo bulbos normais ou múltiplos


As cultivares de cebola apresentam grande variação quanto a suscetibilidade a esta anomalia, sendo algumas bastante sensíveis enquanto outras são bastante tolerantes.

Esverdecimento dos catáfilos

É uma desordem decorrente de exposição dos bulbos a luz excessiva (Figura 5). É muito comum em cultivares de bulbos brancos e em cultivares de bulbos amarelos que possuem catáfilos pouco espessos e em número reduzido ou ainda em cultivares com fraca retenção de catáfilos externos.

  Figura 5. Plantas de cebola exibindo esverdecimento de bulbos



terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Irrigação na Cultura da Cebola



O cultivo da cebola no Brasil, com exceção da Região Sul, é praticamente todo realizado com irrigação. Mesmo na Região Sul, a área irrigada vem aumentando, pois garante a produção e possibilita maior rendimento durante períodos de estiagem.

A cultura apresenta baixa tolerância ao déficit hídrico, requerendo um bom suprimento de água durante todo o ciclo de cultivo. A fase de crescimento de bulbo é a mais sensível ao déficit hídrico, principalmente durante o rápido espessamento das bainhas.

Cultivos submetidos a déficits hídricos moderados (tensões de água no solo entre 70 e 100 kPa) podem ter a produtividade de bulbos reduzida em até 30%. A falta de água também é crítica na primeira semana após o transplante de mudas.

Sistemas de Irrigação

Os sistemas de irrigação por aspersão são os mais utilizados para a produção de cebola no Brasil. Na Região Nordeste, a aspersão vem substituindo os sistemas por sulcos e bacias de inundação, tradicionalmente utilizados na região.

Dentre os sistemas por aspersão, o convencionalé o mais utilizado. Em médias e grandes áreas de produção, sobretudo nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, o pivô central vem sendo adotado com sucesso. Devido seu alto custo, a irrigação por gotejamento é muito pouco utilizada.

Necessidade de água das plantas

A necessidade total de água da cultura da cebola varia de 350 mm a 650 mm, dependendo das condições climáticas, ciclo da cultivar e sistema de irrigação. A demanda diária de água (evapotranspiração da cultura, ETc) aumenta com o crescimento das plantas, atingindo o máximo na fase de bulbificação e diminuindo a partir do início da maturação.

Coeficientes de cultura (Kc), para a determinação da ETc, são apresentados na Tabela 1. São valores médios, podendo requerer ajustes para condições específicas de cultivo. No caso de cultivo mínimo na palhada, por exemplo, os valores de Kc devem ser reduzidos entre 10% e 40%, dependendo do tipo de palhada e fase da cultura.

Tabela 1. Coeficiente de cultura (KC) para cebola.

¹Somente para condições que é utilizado sistema de transplante de mudas.
²Semeadura direta: turno de rega (TR) ≥ 3 dias. Para TR = 2 dias, usar Kc = 0,85; TR = 1 dia, usar Kc = 1,05.
³Para transplante de mudas usar Kc = 0,85.

Fase de produção de mudas

A irrigação na dose correta é fundamental para a produção de mudas de qualidade. Os canteiros devem estar em local com boa drenagem, pois o excesso de água favorece a ocorrência de doenças. Antes da semeadura, deve-se irrigar até o solo atingir a capacidade de campo. Dependendo da umidade do solo, a lâmina líquida necessária vai de 10 mm a 15 mm, para solos de textura grossa, até 20 mm a 40 mm, para os de texturas média e fina.

Da semeadura até 5 a 10 dias após a emergência, as irrigações devem ser leves e frequentes. Em geral, irrigar duas vezes por dia, uma de manhã e outra a tarde. Em condições de clima ameno e solo com bom armazenamento de água, uma irrigação diária é suficiente. Com o crescimento das mudas, irrigar a cada um ou dois dias, sempre no período da tarde.

Para aclimatação e rustificação das mudas, visando maior resistência às etapas de transporte e transplante no campo, suspender as irrigações dois a quatro dias antes do transplante. Para facilitar o arrancamento das mudas, irrigar os canteiros na véspera.

Fase inicial

Vai da semeadura, transplante de mudas ou plantio de bulbinhos e soqueiras até o pleno estabelecimento das plantas (10% do crescimento vegetativo). Antes do plantio, irrigar conforme recomendado para produção de mudas. Após o transplante, realizar uma irrigação para eliminar "bolsões" de ar em torno das raízes e garantir um melhor pegamento das mudas.

Até a emergência das plântulas, brotação dos bulbinhos ou pegamento de mudas, irrigar frequentemente e em pequenas quantidades, procurando manter a umidade, da camada até 20 cm, entre 70% e 100% da água disponível do solo. Depois, espaçar o intervalo entre irrigações para estimular o crescimento radicular.

Fase vegetativa

Vai do estabelecimento inicial das plantas até o início da bulbificação. Nesta fase, as plantas são menos sensíveis à falta de água que nas fases inicial e de bulbificação. Todavia, a falta de água prejudica o rendimento, mesmo que o suprimento na fase seguinte seja adequado.

A tensão de água no solo para reinicio das irrigações varia de 15 kPa a 40 kPa, sendo o menor valor para solos arenosos. A avaliação da tensão pode ser realizada com diversos tipos de sensores, como o tensiômetro e o Irrigas®. Os sensores devem ser instalados entre as linhas de plantio a 50% da profundidade efetiva do sistema radicular.

Fase de bulbificação

A fase de formação da produção se prolonga até o início da maturação, sendo aquela onde a necessidade de água das plantas é máxima. A deficiência de água, particularmente durante o período de rápido crescimento de bulbo, reduz drasticamente o tamanho de bulbo. Por outro lado, irrigações e adubações nitrogenadas em excesso favorecem o engrossamento excessivo do pseudocaule ("pescoço-grosso"), induzindo maior susceptibilidade a doenças foliares e prejudicando a conservação dos bulbos.

A tensão de água no solo, que indica o momento adequado das irrigações, varia de 7 kPa a 20 kPa, sendo a menor tensão para solos de textura grossa.


Fase de maturação

Nessa fase, que vai do início da maturação dos bulbos até a colheita, há redução no uso de água pelas plantas (20% a 30%). O primeiro sinal de amadurecimento é o tombamento da planta ("estalo"), seguindo-se o secamento da parte aérea. A faixa de tensão para se irrigar é semelhante à indicada para a fase vegetativa.

Irrigações ou chuvas próximas da colheita reduzem o teor de matéria seca, sólidos solúveis e pungência dos bulbos, além de aumentar as perdas por apodrecimento durante o armazenamento e comercialização.

Para evitar a entrada de água pelo pseudocaule e permitir a rápida dessecação da parte aérea e a maturação dos bulbos, melhorando suas condições de cura e de conservação, as irrigações devem ser suspensas entre uma e duas semanas antes da colheita. Alguns produtores utilizam o critério de 50% de plantas com "pescoço" macio.



quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Cultura da Couve-de-Bruxelas



Brassica oleracea Grupo Gemmifera ou Brassica oleracea variedade gemmifera

As couves-de-bruxelas são um grupo de cultivares de couve em que ocorre o desenvolvimento das gemas axilares das folhas, de forma que o caule fica coberto com muitos brotos semelhantes a pequenos repolhos, que são colhidos e consumidos principalmente cozidos.


Pé de couve-de-bruxelas
A couve-de-bruxelas cresce bem em clima ameno 

Clima
A couve-de-bruxelas é uma hortaliça de clima frio ou ameno, que dificilmente cresce bem em locais onde a temperatura média ultrapassa os 24°C, sendo que a faixa de temperatura considerada ideal para o cultivo é de 15°C a 18°C. A planta suporta bem geadas e algumas cultivares podem sobreviver durante curtos períodos a temperaturas de até -10°C.

Luminosidade
A couve-de-bruxelas necessita de alta luminosidade, com luz solar direta pelo menos algumas horas por dia.


Detalhe dos brotos laterais crescendo na couve-de-bruxelas
As couves-de-bruxelas são brotos laterais que vão surgindo nas axilas das folhas da planta, e que são parecidos com pequenos repolhos

Solo
Plante em solo bem drenado, fértil, rico em matéria orgânica e rico em nitrogênio. O pH ideal do solo está entre 6,0 e 6,8.

A couve-de-bruxelas é bastante sensível à falta de boro no solo. Se as plantas estão apresentando caules ocos e não estão se desenvolvendo bem, estes podem ser sintomas de carência de boro, problema que pode ser corrigido através da adubação com adubo que contém boro.

Irrigação
A horta deve ser irrigada de forma a manter o solo sempre úmido, sem que fique encharcado.


Mudas de couve-de-bruxelas


Plantio
As sementes podem ser plantadas em sementeiras, vasos pequenos ou copinhos de plástico ou de jornal, e transplantadas quando as mudas têm de 4 a 6 folhas. Transplante de preferência no fim da tarde, com o solo bem úmido, ou em dias nublados e chuvosos. As sementes também podem ser plantadas diretamente no local definitivo, embora esta prática seja menos comum.

Tratos culturais
Retire plantas invasoras que estejam concorrendo por nutrientes e recursos.


Brotos laterais da couve-de-bruxelas
As pequenas cabeças podem ser colhidas individualmente ou a planta inteira pode ser cortada 

Colheita
A colheita da couve-de-bruxelas ocorre de 90 a 140 dias após a semeadura, variando conforme a cultivar plantada e as condições de cultivo, e prolongando-se por alguns meses se a planta não for cortada inteira na colheita, isto é, se os brotos forem colhidos um a um. Neste último caso os brotos vão sendo colhidos da base da planta para cima, conforme vão atingindo 2,5 a 5 cm de diâmetro, sem que estejam abertos ou amarelados. Corte os brotos com uma faca rente ao caule ou torça cada broto até que este se desprenda da planta.

Muitos afirmam que as couves-de-bruxelas são mais saborosas se forem colhidas após a ocorrência de uma leve geada.

Em seu aclamado livro Vegetable Book (O livro dos Vegetais, em tradução livre), a escritora inglesa Jane Grigson descreve a couve-de-bruxelas como “um elegante repolho em miniatura”. Difícil será encontrar definição melhor que essa para falar da Brassica oleracea, a caçula da família do repolho, brócolis, couve e couve-flor, e a última das variedades botânicas dessa linhagem a ser diferenciada.

Rica em vitaminas A e C, em manganês, potássio, ferro e cálcio, a couve-de-bruxelas já era cultivada ao redor de Bruxelas, na Bélgica, por volta do século 13. Mas a hortaliça só chegaria a outros países, como França e Inglaterra, cinco séculos depois. Uma das primeiras receitas com ela de que se tem notícia foi publicada pela inglesa Eliza Acton em Modern Cookery for Private Families (culinária moderna para famílias), em 1845. No livro, uma das recomendações é servir a couve-de--bruxelas com molho de manteiga. Atualmente, o Reino Unido é o maior produtor e consumidor europeu. A hortaliça faz parte da tradição natalina inglesa, quando é preparada com castanhas para acompanhar o peru ou a carne de caça da ceia.

No Brasil, segundo o pesquisador Raphael Augusto de Castro e Melo, da Embrapa Hortaliças, a couve-de-bruxelas começou a ser plantada no início dos anos 80, época em que surgiram os primeiros trabalhos sobre técnicas para seu cultivo. Ainda assim, essa pequena gema continua pouco conhecida no país, sendo plantada basicamente no Sul e Sudeste. “No mercado brasileiro, a couve-de-bruxelas é pouco conhecida. Devido a sua pouca importância econômica, essa cultura não tem recebido muita atenção”, explica Castro e Melo.


Por ser quase desconhecida, à primeira vista a couve-de-bruxelas pode intimidar, mas seu preparo é simples. Ela pode ser cozida ou assada. Só é preciso evitar cozinhá-la demais. Quando ela passa muito tempo no fogo, tende a desenvolver um odor forte, pouco agradável. O responsável é o sulforafano, composto químico associado à prevenção de doenças. A chef Tatiana Cardoso, do restaurante Moinho de Pedra e consultora do restaurante Gaia Natural Gourmet, testou algumas receitas com couve-de-bruxelas, mas a favorita é uma salada em que a hortaliça é cozida al dente e marinada com ervas. “A textura da couve--de-bruxelas é diferente e costuma surpreender”, diz ela.



sábado, 13 de janeiro de 2018

Manejo orgânico da Cebola



Os sistemas orgânicos de produção agropecuária buscam a otimização do uso dos recursos naturais e socieconômicos disponíveis, mantendo a integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não renovável e a proteção do meio ambiente, empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de organismos geneticamente modificados, de radiações ionizantes, em armazenamento, distribuição e comercialização (Lei 10.831 de 31/12/2003).
Nos sistemas orgânicos de produção, o equilíbrio ecológico entre as espécies vegetais e entre os micro e macrorganismos é de fundamental importância para manter as populações de pragas e de agentes causadores de doenças em níveis que não causem danos econômicos às culturas comerciais.
O produtor orgânico deve se preocupar prioritariamente com a diversificação da paisagem geral de sua propriedade de forma a restabelecer o equilíbrio entre todos os seres vivos da cadeia alimentar, desde microrganismos até animais maiores. Desta forma procura-se atingir a sustentabilidade da unidade produtiva no tempo e no espaço. Para isto, deve-se, na medida do possível, incorporar ao manejo da propriedade características de ecossistemas naturais, como:
  • reciclagem de nutrientes;
  • uso de fontes renováveis de energia;
  • manutenção das relações biológicas que ocorrem naturalmente;
  • uso de materiais de origem natural, evitando àqueles oriundos de fora do sistema;
  • estabelecimento de padrões de cultivos apropriados com espécies de plantas adaptadas às condições ecológicas da propriedade;
  • ênfase na conservação do solo, água, energia e recursos biológicos.
O condicionamento climático é conseguido com a delimitação dos talhões de cultivo por cordões de contorno ou cercas vivas. A cerca viva funciona como um quebra-vento, reduzindo o impacto dos ventos frios ou quentes e a movimentação de algumas pragas e doenças. Cria-se uma seqüência de microclimas, com maior ou menor sombreamento, umidade e temperatura, garantindo eficiência na fotossíntese, evitando ventos fortes e temperaturas extremas. Os microclimas são aproveitados para a acomodação de diferentes espécies vegetais e animais, inclusive de pragas e de seus inimigos naturais. Por isso, a cerca viva funciona também como um tampão fitossanitário e um componente da biodiversidade da propriedade orgânica.
A composição destas barreiras pode ser com espécies de interesse econômico, como por exemplo o café, espécies frutíferas, madeiras, etc. ou com outros fins como o capim napier, o guandu, a leucena, o hibiscus, o malvavisco, a primavera e a flor do mel (girassol mexicano) que tornam-se fontes de biomassa para as áreas de produção devido a necessidade de podas freqüentes.
É interessante que os cordões de contorno funcionem como reservas biológicas, abrigando agentes polinizadores, inimigos naturais de pragas e outros insetos benéficos.
Para funcionarem desta forma estas barreiras precisam ser botanicamente diversificadas, existindo várias possibilidades de combinação, que em última análise depende da realidade de cada região, criatividade e interesse do produtor.
O manejo recomendado para a cebola em sistema orgânico de produção segue os princípios agroecológicos já citados acima e algumas práticas específicas para a produção orgânica:
  • Alternância de culturas por meio da sucessão vegetal e rotação - essa prática permitirá explorar os nutrientes do solo de maneira mais racional, evitando seu esgotamento, uma vez que se pode alternar culturas mais exigentes com outras menos exigentes em nutrientes (rústicas), além de explorar seções diferentes do solo pela diferença na estrutura radicular. Uma boa estratégia para produção de cebola é rotacioná-la com plantas de enraizamento denso, boa produção de palhada, elevada capacidade de extração de nutrientes do solo e fixação de nitrogênio, que pode ser conseguido combinando espécies de gramíneas (melhoram a estrutura física do solo) e leguminosas (fixam o nitrogênio biologicamente).
  • Deve-se preferir espécies de crescimento rápido, com boa cobertura do solo e  com grande produção de biomassa vegetal. Geralmente, a incorporação é realizada na época do florescimento, período de maior produção de biomassa e fixação de N. No verão, as espécies de adubos verdes mais utilizadas são: mucuna preta, Crotalaria juncea, Crotalaria spectabilis, feijão-de-porco, girassol, milheto e sorgo forrageiro. No inverno, as principais espécies utilizadas são: aveia preta, nabo forrageiro, ervilhaca e ervilha forrageira;
  • Aplicação de adubos orgânicos, na forma de estercos animais, compostos ou outras fontes orgânicas recomendadas pelas normas técnicas de produção - quando utilizar adubos oriundos de fontes externas à propriedade ou de sistemas convencionais de criação, recomenda-se a compostagem para eliminar possíveis problemas de contaminação química e/ou microbiológica.
  • Adubações auxiliares com adubos minerais de baixa solubilidade são utilizadas para a correção temporária de deficiências. Em relação a fosfatagem, deve-se utilizar fontes de fósforo permitidas para o cultivo orgânico, que são os termofosfatos, fosfatos naturais e fosfatos reativos. Todas as fontes de macro e micronutrientes possíveis de serem utilizadas em cultivos orgânicos encontram-se descritas na instrução normativa 064 do Ministério da Agricultura. Adubações suplementares podem ser feitas com compostos a base de farelos e microorganismos eficientes (EM), tipo bokashi e com biofertilizantes líquidos via solo ou foliar;
  • Manejo de ervas espontâneas - como forma de proteção do solo, ciclagem de nutrientes e preservação de equilíbrio biológico da área de produção, sugere-se o manejo da vegetação espontânea que permita o convívio sem danos com a cultura de interesse econômico.
  • Recomenda-se a capina em faixas, de forma a evitar a presença das ervas próximas à cultura e no caso do plantio em canteiro, recomenda-se capinas nos momentos críticos apenas nos leitos de semeadura, preservando-se a vegetação dos carreadores ou apenas roçando-a quando estiver dificultando os tratos culturais.
  • O uso de cobertura morta em sistemas orgânicos é desejável, tanto para manter o equilíbrio e as boas características do solo, quanto para manter sob controle o aparecimento de plantas espontâneas. Assim, é recomendável usar cobertura morta nas entrelinhas logo após o transplante das mudas. Como material de cobertura podem ser utilizados diversos tipos de capins secos triturados (sem sementes), palha de arroz ou outros resíduos vegetais de alta relação C:N, para retardar a decomposição e prolongar os efeitos da cobertura morta, em camada de aproximadamente 5 cm;
  • Manejo de pragas e doenças - em agricultura orgânica o que se busca é o equilíbrio ecológico, por meio das inúmeras técnicas descritas anteriormente. Portanto, antes de se buscar métodos alternativos de controle, deve-se lembrar que o emprego dos princípios e conceitos convencionais do Manejo Integrado de Pragas e Doenças (MIPD) podem auxiliar de forma determinante as práticas de manejo e controle em sistemas orgânicos: diversificação, manejo do solo e nutrição vegetal, utilização de cultivares adequadas e adaptadas às condições de solo e clima da região, consorciação e rotação, o cultivo em faixas ou bordadura, a antecipação ou o retardamento do plantio, do cultivo e da colheita, cultivo de plantas armadilhas, etc.
  A família botânica das Alliaceaes é composta por várias espécies com destaque para a cebola (Allium cepa) e o alho. É consumida por quase todos os povos, sendo a produção e comercialização distribuídas em todo o mundo. Além da importância sócio-econômica para Santa Catarina (maior produtor do país), a cebola é rica em quercetina, fitoquímico antioxidante, que melhora a circulação e regula a pressão sanguinea e o colesterol. Por ser consumida na forma de salada crua ou cozida ligeiramente e, principalmente como condimento, é essencial que seja produzida no sistema orgânico. A cebola é produzida no Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil, com colheita e comercialização peculiares em cada uma das regiões. Sendo normal o andamento das diversas safras, o país está abastecido durante todo o ano. Apesar disso, no período de setembro a novembro, abastecido pelo Nordeste do Brasil, o cultivo orgânico de cebola precoce no Litoral, é uma boa opção de renda para os produtores, além de acrescentar qualidade e agregar valor ao produto. A susceptibilidade às doenças e pragas tornam a cebola muito dependente de insumos (fertilizantes químicos e agrotóxicos) encarecendo o custo de produção e, o que é pior, contaminando o meio ambiente e causando sérios riscos à saúde do produtor e consumidor. Resultados de pesquisa obtidos pela Epagri, através da Estação Experimental de Urussanga, comprovaram a viabilidade técnica do cultivo orgânico de cebola e, o que é melhor, com ótima qualidade e com menor custo de produção.
Recomendações técnicas
.Escolha correta da área e análise do solo: deve-se evitar áreas encharcadas e, já cultivadas com outras espécies da mesma família (alho) nos últimos dois anos. A análise do solo deve ser realizada com antecedência para que o técnico possa fazer a recomendação adequada da correção da acidez e adubação.
.Cultivares e épocas de plantio: as cultivares plantadas em Santa Catarina podem ser agrupadas, de acordo com o ciclo, em precoces e médias. Ciclo precoce – são semeadas em abril/maio e transplantadas em junho/julho, dependendo do local e da altitude; são menos exigentes quanto ao comprimento do dia e não resistem ao armazenamento prolongado. As cultivares indicadas são: Epagri 363-Superprecoce, Empasc 352-Bola Precoce, Baia Periforme, Aurora, Régia, Primavera e Madrugada. Ciclo médio – são semeadas em maio/junho e transplantadas em agosto/setembro, dependendo do local e da altitude; formam bulbos e amadurecem em dias mais longos e resistem bem ao armazenamento. As cultivares indicadas são: Empasc 355-Juporanga e Epagri 362-Crioula Alto Vale. Os plantios antecipados ou tardios proporcionam produção de bulbos florescidos ou pequenos, respectivamente, determinando o fracasso da lavoura. 
.Produção de mudas: após o preparo do canteiro deve-se adubá-lo preferencialmente com 5,0 kg/m2 de composto orgânico ou 3,0 kg/mde esterco de gado ou ainda 1,5 kg/mesterco de aves, curtidos. A semeadura a lanço é a mais utilizada; pode ser feita também em linhas riscadas transversalmente ao comprimento do canteiro, distanciadas de 10 cm entre si, onde as sementes são distribuídas uniformemente nos sulcos de 1 a 1,5 cm de profundidade. A quantidade de sementes utilizada é de 2 a 3 g/m2 de canteiro. A cobertura pode ser feita com 2 cm de composto orgânico ou pó-de-serra bem curtido ou ainda casca de arroz. Deve-se irrigar sempre que for necessário para manter úmida a camada superficial do solo. 
.Preparo do solo: recomenda-se adotar o plantio direto ou o cultivo mínimo, abrindo-se sulcos em torno de 10cm de largura para plantio das mudas de cebola, mantendo-se a cobertura do solo entre linhas (adubos verdes ou plantas espontâneas). São boas alternativas a semeadura de aveia preta no outono e o consórcio milho/mucuna no verão. Outra opção é o transplante das mudas realizado diretamente sobre a palhada. 
.Adubação de plantio: a adubação orgânica de plantio deve ser aplicada com base na análise do solo e nos nutrientes do adubo orgânico. Caso seja necessário complementar a adubação, recomenda-se fosfato natural aplicado com antecedência e, cinzas de madeira, como fontes de fósforo e potássio, respectivamente.
.Plantio e espaçamento: a época de transplante das mudas depende de cada cultivar, porque cada uma tem suas próprias exigências de comprimento do dia e temperatura em cada região, em função da latitude e da época de plantio. O plantio das mudas é feito quando estas atingem, em média, o diâmetro de 4 a 6 mm no pseudocaule (espessura do lápis). Caso não haja possibilidade de transplantar na época recomendada, deve-se utilizar as mudas menores para os plantios antecipados e as maiores para os plantios tardios. Utiliza-se as mudas menores nos plantios antes da época indicada para que as plantas tenham tempo suficiente para atingirem o tamanho adequado e, assim formarem bulbos graúdos. Por outro lado, utiliza-se mudas maiores nos plantios tardios para desfavorecer o engrossamento do talo e, em conseqüência, o apodrecimento dos bulbos logo após a colheita. O espaçamento varia de 0,5 a 0,6 m entre fileiras por 10 a 15 cm entre plantas.
.Capinas, adubação de cobertura e manejo de plantas espontâneas: o período crítico de competição com plantas espontâneas é de até 30 dias após o transplante. A primeira capina, bem com a adubação de cobertura, se necessário, devem ser feitas até 45 dias após o transplante. A incorporação deve ser feita a 20 cm das linhas de plantio, mantendo-se parcialmente a cobertura (aveia, mucuna, plantas espontâneas e outras) nas entrelinhas. A adubação de cobertura pode ser complementada com os biofertilizantes. 
.Irrigação: o sistema radicular da cebola é superficial e fasciculado com 70% das raízes entre 5 a 20 cm da superfície do solo. A fase mais crítica é na formação do bulbos.Deve-se suspender a irrigação, normalmente por aspersão, por volta de duas a três semanas antes da colheita para evitar a entrada da água no pseudocaule e para facilitar a maturação, melhorando as condições de cura e de armazenamento dos bulbos.
.Manejo de doenças e pragas: as principais doenças no Litoral são: sapeco ou queima-das-pontas e a mancha-púrpura. O sapeco (Figura 1) na fase de produção de mudas e no plantio definitivo da cebola e também a cebolinha verde, pode ser provocada por diversos fungosdeficiência hídrica, desequilíbrio nutricional, fitotoxidez, ozônio e, indiretamente, pelos patógenos do solo. A maior severidade da doença está ligada às mudas no estágio inicial, pois nesta fase qualquer redução de área foliar retarda o desenvolvimento da planta. A mancha-púrpura é causada pelo fungo Alternaria porri . Danos mecânicos, deficiência hídrica ou alta infestação de tripes favorecem a ocorrência desta doença, que ocorre principalmente no final do ciclo da cultura. Dentre as pragas, o tripes ou piolho (Thrips tabaci) podem causar danos econômicos e ainda favorecer a entrada de doenças. Se a temperatura aumentar e ocorrer estiagens, o tripes pode causar sérios danos por meio da raspagem e sucção da seiva das plantas. Com o aumento do ataque ocorre o amarelecimento, o retorcimento e a seca dos ponteiros das plantas e, como conseqüência, diminuição do tamanho dos bulbos, favorecendo a entrada de doenças. O manejo de doenças e pragas após o transplante das mudas inicia-se preventivamente evitando-se terrenos com drenagem deficiente e sujeitos à neblina. As injúrias causadas nas plantas, mecânica ou por tripes, devem ser evitadas, pois podem proporcionar uma "porta de entrada" para fungos e bactérias. A irrigação desfavorece a praga. No manejo da principal doença que ocorre no canteiro (sapeco), recomenda-se a aplicação de cinzas de madeira (50 g/m2) ou diluído em água a 10% em regas antes do orvalho da manhã evaporar. Outra opção é a pulverização com extrato de própolis (0,1%). A calda bordalesa (0,3%) também é eficiente. No plantio definitivo, além de medidas preventivas recomenda-se pulverizações, preventivamente a cada 7 a 15 dias com calda bordalesa (0,5%). Se necessário e, somente na fase de plantio definitivo, recomenda-se manejar o tripes pulverizando-se com calda sulfocálcica à 3% (fase adulta), obedecendo o intervalo de aplicação de 15 dias entre as duas caldas. 
.Rotação de culturas: recomenda-se a rotação de culturas com diversas espécies, com exceção do alho que é da mesma família botânica. Resultados de pesquisa obtidos na Estação Experimental de Urussanga mostram a eficiência dessa prática no aumento da produtividade de cebola. Adubos verdes tais como aveia, mucuna, consórcio milho/mucuna, coquetel de adubos verdes (ervilhaca + nabo forrageiro + aveia) e outras, são boas opções para sistemas de rotação e ainda possibilitam o cultivo mínimo da cebola. 
.Colheita e cura: a cebola é colhida quando ocorre o tombamento ou estalo da planta (Figura 2), devido ao murchamento do pseudocaule. Iniciar a colheita quando houver mais de 10% de plantas tombadas. Se o tombamento não ocorrer naturalmente pode-se provocar o tombamento da folhagem com rolo de madeira. O processo de cura pode ser natural ou artificial e consiste na secagem das películas externas e do pseudocaule (pescoço). A cura natural deve ser iniciada no campo, por um período de três a dez dias, dependendo do clima. Deixam-se os bulbos, em molhos sobre o chão, arrumados em fileiras com as folhas de uns cobrindo os outros, para protegê-los da insolação direta e, evitar o aparecimento da pigmentação verde e queimaduras.
. Classificação e embalagem: após a cura é feito o corte das ramas a cerca de 1 cm acima do bulbo, sendo então classificados conforme o seu diâmetro. As cebolas devem ser comercializadas em embalagens novas, limpas e secas (sacos com 20 kg de bulbos), que não transmitam odor ou sabor estranho ao produto.



terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Plantio da Cebola



Preparo do Solo
Para o preparo de solo no sistema convencional, são feitas geralmente uma aração e duas gradagens. Em solos que apresentem alguma camada subsuperficial compactada, recomenda-se o uso de subsolador à profundidade de pelo menos 5 a 10 cm abaixo da camada compactada. Em seguida, a finalização do preparo de solo varia conforme o método de plantio.
Quando se utiliza o método de semeadura direta no local definitivo, é comum o uso de rotocultivadores ou enxada rotativa com ou sem encanteirador, de modo a deixar o solo bem destorroado e aplainado, para que se obtenha uniformidade na distribuição das pequenas e irregulares sementes de cebola. O uso de canteiros é comum quando se faz necessário melhorar a drenagem em plantios precoces ou em solos de baixadas suscetíveis ao encharcamento.
No caso do método de plantio de transplante de mudas, o destorroamento não precisa ser tão intenso, de forma que, dependendo das características do solo, em geral basta o sulcamento. Em solos ou épocas passíveis de encharcamento também se pode efetuar o encanteiramento previamente ao sulcamento.
Para os métodos de plantio de bulbinhos ou soqueira seguem-se as mesmas recomendações de preparo do solo para o sistema de mudas.

Como para as demais hortaliças cultivadas a campo no Brasil, o período de março a novembro concentra a maior parte da produção de cebola nas principais regiões produtoras.
Neste período, as temperaturas são menores, principalmente as noturnas, e a ausência de períodos longos de chuva facilitam o manejo da cultura, principalmente o controle de doenças, e propiciam a produção de bulbos de melhor qualidade. A Região Nordeste (Bahia e Pernambuco, principalmente) é exceção, pois produz cebola o ano todo sob irrigação, embora, como nas demais regiões, considera-se o período de dezembro a março como o mais adverso à cebola, em termos climáticos.
Plantando-se em março-abril, o crescimento ocorre sob condições adequadas de temperatura e num período de encurtamento de fotoperíodo, mas ainda suficientemente longo para o crescimento rápido das plantas. A partir do final de junho, o fotoperíodo e a temperatura voltam a crescer. A bulbificação iniciará quando o fotoperíodo e a temperatura exigidos pela cultivar forem atendidos.

Semeadura direta

Este método é utilizado, principalmente, por médios e grandes produtores, que normalmente dispõem de sistema de irrigação por aspersão do tipo pivô-central.
A semeadura é realizada mecanicamente por meio de semeadoras convencionais ou a vácuo, utilizando-se entre 3 e 5 kg de sementes por hectare. As semeadoras a vácuo fazem a semeadura com maior precisão e utilizando menor quantidade de sementes que as de distribuição mecânica.
A maioria dos produtores realizam a semeadura de março a abril, em canteiros com 1,3 a 2,0 m de largura no topo e 15 a 20 cm de altura. Em alguns casos, a semeadura é realizada diretamente na superfície do solo, sem utilização de canteiros, de modo a aumentar o número de plantas por área, pela eliminação das ruas entre canteiros. Neste caso, deve-se evitar épocas ou locais sujeitos ao encharcamento.
A semeadura é feita em linhas simples ou duplas, conforme a máquina empregada, a 1,0–1,5 cm de profundidade. Quando se utilizam linhas duplas espaçadas cerca de 12 cm entre si e 18 cm entre as linhas duplas, trabalha-se com até 20 sementes por metro linear em cada linha. No caso de uso de linhas simples, mais comum quando se cultiva cebola no sistema de plantio direto (SPD), são dispostas até 45 sementes por metro linear.
Para semeadura direta em pequenas áreas, existem equipamentos rústicos, basicamente cilindros ou latas perfuradas, desenvolvidos e/ou adaptados pelos próprios agricultores.
Observa-se tendência de aumento no estande e, consequentemente, no número de sementes por metro linear no plantio. O limite no estande tem sido definido pela tolerância da cultivar ao adensamento, devendo-se considerar que os bulbos de cebola apresentam grande capacidade de arranjo espacial em altas densidades na linha de plantio. Observa-se que bulbos aparentemente deformados no campo, por vezes até triangulares, em função do adensamento de plantas, tendem a se arredondar no processo de cura, reduzindo estas deformações.
O método de semeadura direta, associado à escolha de cultivares híbridas que toleram o adensamento, permite atingir altas populações finais, por vezes superiores a um milhão de plantas por hectare, assim como altas produtividades, superiores a 100 t.ha-1.
A semeadura direta no SPD vem sendo realizado com sucesso em algumas regiões, especialmente em São José do Rio Pardo, SP, pelo uso de semeadoras a vácuo com mecanismos de corte da palhada. O espaçamento entre linhas de plantio é de 30 a 45 cm e o número de sementes por metro linear utilizado varia de 30 a 45, resultando em uma população de 800 a 1.200 mil plantas por ha na semeadura e 650 a 900 mil plantas por ha na colheita.
As dificuldades mecânicas com relação a obter uma eficiente distribuição de sementes em função da maior irregularidade da superfície, que não é revolvida, e da presença de resíduos culturais, muitas vezes irregularmente distribuídos sobre o solo, vem sendo solucionadas pelo desenvolvimento e adaptação das plantadoras.
Predomina o uso do milho como planta fornecedora de palhada para o SPD em cebola. Mesmo após sua trituração, é difícil a operação da semeadora sobre palhada de milho. Alguns produtores, para reduzir este problema, tem efetuado uma leve gradagem niveladora, incorporando parcial e superficialmente a palhada, facilitando a operação da máquina.
A esta prática no início chamou-se vulgarmente de "cultivo mínimo", termo equivocado visto que o revolvimento é bem maior que no SPD e que "cultivo mínimo" e "plantio direto" são sinônimos para muitos técnicos, inclusive em literatura internacional – "minimum tillage" e "no-tillage". Passou-se então a adotar o termo "gradinha" ou tecnicamente "plantio com preparo reduzido". Todavia, o plantio com preparo reduzido revolve superficialmente o solo, desestruturando-o, e acelera a decomposição da palhada. A utilização de plantas de cobertura que forneçam palhada mais fina como o milheto ou a aveia pode melhorar o sistema, devendo-se avaliar sua viabilidade econômica, sempre considerando as realidades locais.
Particularmente para cultivos de verão, o semeio no local definitivo sobre a palhada pode proporcionar incrementos produtivos quando comparado ao sistema convencional com o semeio em solo descoberto, em função do enorme efeito maléfico causado pelas fortes chuvas que ocorrem nesta época no estágio inicial de desenvolvimento da cultura, comprometendo o estande final.

Cultivo de soqueiras

O método de cultivo de soqueiras consiste no plantio dos bulbos oriundos de culturas comerciais, semeadas em março-junho e colhidas em setembro-outubro, que não atingiram o diâmetro das classes comerciais ou que não alcançaram boa cotação. Deve-se tomar cuidado especial na seleção dos bulbos, visto que o fato de eles não terem atingido tamanho comercial pode ser decorrente de problemas fitossanitários.
O plantio dos bulbos é feito, em geral, em fevereiro e de forma semelhante ao método de bulbinhos. A colheita ocorre em maio-junho, quando os preços estão mais altos.
Quando se utilizam bulbos de maior diâmetro, há maior incidência de perfilhamento e produção de bulbos múltiplos com tamanho e aspecto comercial inferior.
Este método não é tecnicamente recomendado, visto que na verdade se trata de um aproveitamento de material de baixa qualidade que por algum motivo não produziu bem em seu ciclo normal de cultivo. Além disso, trata-se de um cultivo antieconômico por serem necessários dois ciclos completos para se obter a produção comercial.




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