google.com, pub-8049697581559549, DIRECT, f08c47fec0942fa0 HORTA E FLORES: Pancs: Inhame (cará) (Dioscorea spp.)

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Pancs: Inhame (cará) (Dioscorea spp.)


Inhame (cará) (Dioscorea spp.)

Inhame é o nome genérico que agrupa grande número de espécies do gênero Dioscorea, herbáceas trepadeiras que produzem tubérculos subterrâneos comestíveis, as túberas. Amplamente cultivado em regiões tropicais, é alimento básico na África Central, especialmente na Nigéria, maior produtor mundial com cerca de 3 milhões de hectares, Camarões e Gana. Também é alimento importante nas Américas Central e do Sul, na Ásia e nas ilhas do Pacífico. No Brasil são cultivados cerca de 25 mil ha anuais (FAO, 2009), principalmente na região Nordeste (Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia e Maranhão). Na região Sudeste, o nome comum é “cará”, enquanto o termo “inhame” é equivocadamente usado para plantas do gênero Colocasia. Pelo mundo afora, é denominado: yam, em inglês; ñame, em espanhol; e igname, em francês. Assim, no I Congresso de Inhame e Taro, realizado em 2002, discutiu-se a necessidade de padronização da terminologia, e foi acordado que, a partir de então, inhame passaria a referenciar o gênero Dioscorea e taro o gênero Colocasia. O certo é que da padronização técnica ao uso popular dos termos estabelecidos existe um grande salto.

Nomes comuns – Inhame e no Centro-sul do Brasil, é conhecido por cará.

Família botânica – Dioscoreaceae.

Origem – As espécies cultivadas no Brasil têm por centro de origem os continentes africano (Dioscorea cayanensis) e asiático (D. alata). Existe, também, um grupo de dioscoreáceas nativas do Brasil Central, a exemplo da Dioscorea trifida.

Variedades – As principais variedades de Dioscorea cayenensis L são: cará-da-costa, cará tabica, cará negro, cará espinho freire. As principais variedades de D. alata L. são: cará São Tomé, cará roxo, cará pezão, cará mandioca, cará Flórida, cará mimoso, roxo de lhéus, cará Sorocaba. Grupos indígenas do Brasil Central utilizam variedades locais, notadamente de D. trifida. As cultivares também podem ser divididas em relação a ter ou não espinhos. Com espinho: cará espinho freire, cará barbados, cará-da-costa. Sem espinho: cará Flórida, cará negro, cará São Tomé. Em Pernambuco e Paraíba, a variedade mais plantada é o cará-da-costa, cujo caule mede até 4 m de comprimento. Apresenta tubérculos com película escura, polpa branca e enxuta, formato alongado cilíndrico e boa aceitação comercial. No Sudeste, cultivam-se as variedades Flórida, Mimoso e São Tomé, que têm tubérculos com casca marrom-clara, formato alongado, polpa granulosa branca ou ligeiramente creme e boa aceitação comercial.

Clima e solo – Planta de clima tropical, o inhame desenvolve-se bem em regiões quentes e úmidas, com temperatura média entre 25ºC e 30ºC, chuvas em torno de 1.200 a 1.500 mm por ano, com estação seca definida de dois a cinco meses. A planta não tolera frio e geadas. Pode ser plantada em diversos tipos de solo, mas desenvolve-se melhor em solos leves, de textura média, profundos, com boa drenagem, ricos em matéria orgânica e com boa capacidade de retenção de umidade. Deve-se evitar solos ácidos, solos com textura muito argilosa e os muito declivosos, sujeitos à erosão.

Preparo de solo – O preparo do solo pode ser mecanizado, com aração a 25-30 cm de profundidade, e gradagem, seguindo-se o enleiramento ou o levantamento de covas altas - “matumbos”. O enleiramento pode ser manual ou mecanizado com o uso de sulcadores formando leiras (camalhões) com 25 a 30 cm de altura, enquanto os matumbos são feitos com enxada, cobrindo-se o adubo disposto manualmente ao puxar solo formando covas altas que podem chegar a 30-40 cm de altura. O plantio em leiras ou matumbos reduz problemas como o apodrecimento dos tubérculos e facilita o arejamento e a drenagem do solo e a colheita.

Calagem e adubação – É planta rústica, mas responde à adubação em solos empobrecidos. É comum aproveitar-se o efeito residual dos fertilizantes utilizados em culturas anteriores ao inhame. Com base em resultados da análise de solo, deve-se corrigir a acidez do solo para se chegar à saturação de bases em 60%. Recomenda-se a adubação de plantio com até 120 kg/ha de P2O5 e 100 kg/ha de K2O, conforme a disponibilidade desses nutrientes no solo e em cobertura, 60 kg/ha de N em duas aplicações, 60 e 90-120 dias após o plantio. Em solos com baixo teor de matéria orgânica, podem ser usadas 10 ton/ha de esterco de curral curtido ou composto orgânico.

Plantio – As túberas apresentam dormência, por isso deverão ser armazenadas em ambientes arejados e escuros para forçar o entumescimento das gemas, cuja dilatação indica que já podem ser plantadas. Túberas inteiras, com 100 a 200 g de peso médio, são as ideais para o plantio. Entretanto, é difícil obter material comessas características em quantidade. O método de “capação” é uma alternativa para produção de túberas menores, consistindo na retirada cuidadosa de túberas graúdas aos 5 ou 6 meses, promovendo a formação de pequenas túberas em cerca de 90 dias. Também há o método de produção de “minitúberas em sementeira” (pedaços com 50 a 70 g plantadas no espaçamento de 20 x 20 cm por 30 a 60 dias), e ainda pode-se utilizar túberas partidas em pedaços com cerca de 100 a 200 g para o plantio; todavia o corte pode aumentar as taxas de apodrecimento e falhas na lavoura. Os tubérculos devem ser plantados enterrados no alto dos camalhões ou matumbos, em torno de 5 cm de profundidade. O espaçamento para o sistema em matumbos é de 1,0 a 1,2 x 0,8 m entre plantas. Para o plantio em camalhões, o espaçamento é de 1,2 m entre as linhas e 0,5 a 0,6 m entre plantas. O plantio deve ser realizado no início do período chuvoso, que normalmente ocorre, no Sudeste, entre setembro e novembro, e no Nordeste, a partir de novembro a fevereiro.

Tratos culturais – Após o brotamento do tubérculo, deve-se efetuar o tutoramento das plantas, formando-se espaldeiras com 1,8 a 2,0 m de altura. O tutoramento também pode ser individual, com bambu ou madeira para cada uma ou duas plantas. A variedade Flórida dispensa tutoramento por ter a parte aérea  mais tolerante a patógenos. São necessárias capinas e amontoas ao longo do ciclo da cultura e recomendada a aplicação cobertura morta em torno da planta, o que facilita o controle de plantas infestantes e proporciona maior estabilidade hídrica e térmica melhorando a produtividade. A lagarta das folhas (Pseudo plusia) e a broca do inhame (Xystus arnoldi) são as principais pragas que atacam o inhame, mas também podem haver pragas generalistas como formigas cortadeiras (Atta sp.) e cupins de solo. Entre as doenças, a casca preta, que provoca lesões escurecidas nas túberas, causada pelo nematóide Scutelonema bradys, tem sido devastadora em algumas regiões. Na Bahia, há relatos de que o plantio sucessivo por décadas sem os devidos cuidados com a qualidade das túberas-semente e com rotação de culturas tem inviabilizado o cultivo pelo ataque severo desse nematoide. Também ocorre incidência do nematóide das galhas, Meloydogine spp. Outras doenças são a queima das folhas, causada por Curvularia spp., mosaico e antracnose. É de fundamental importância a escolha de local de plantio sem histórico de doenças e o uso de túberas sadias para a propagação.

Colheita e pós-colheita– A colheita é iniciada, aproximadamente, a partir de 6 meses após o plantio no caso de colheitas precoces, especialmente quando se usa o método de capação para produção de túberas-sementes, mas o mais comum é colher as túberas maiores com 8 a 9 meses. O ponto de colheita é indicado quando as plantas apresentam folhas amareladas e os ramos começam a secar. A colheita é manual, podendo-se utilizar arado de aiveca para auxiliar na retirada das túberas do solo. Se não forem comercializados de imediato, as túberas devem ser armazenadas à sombra, sem lavar, podendo permanecer conservadas por mais de 15 dias em locais arejados e secos, sem necessidade de refrigeração. Para comercializar, as túberas devem ser lavadas, selecionadas, embaladas, sempre à sombra. A produtividade varia de 10 a 20 ton/ha, apesar do potencial produtivo superior a 40 ton/ha.

As túberas do inhame são altamente energéticas, ricas em carboidratos, amido, vitaminas do complexo B e minerais, possuem baixo teor de gorduras e são reconhecidas pelas propriedades depurativas do sangue. Pode ser consumido de diversas formas, cozido, frito, assado, em pirão, sopas, cremes, pães, bolos, biscoitos, panquecas e tortas. Pode substituir a batata em vários pratos.

Figuras 54 e 55: Inhame, planta e túberas

Figuras 56 e 57: Inhame, variedades Pezão e Roxo



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