google.com, pub-8049697581559549, DIRECT, f08c47fec0942fa0 HORTA E FLORES: Controle de Pragas na Cultura do Brócolis

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Controle de Pragas na Cultura do Brócolis




Controle de Pragas

Os insetos sugadores de seiva (pulgões e a mosca-branca) e as lagartas constituem os principais grupos de pragas dos brócolis.
São de infestação frequente nas condições de cultivo brasileiras.
Os pulgões – Brevicoryne brassicae (Linnaeus), Myzus persicae (Sulzer) e Lipaphis erysimi (Kaltenbach) (Hemiptera: Aphididae) – são insetos de 1 mm a 3 mm de comprimento, com corpo periforme e mole e antenas desenvolvidas. A forma áptera (sem asas) de B. brassicae apresenta coloração verde-acinzentada, coberta por uma camada cerosa branca (Figura 9); a forma alada é de coloração verde, cabeça e tórax pretos, além de abdome com manchas escuras na parte dorsal. A forma áptera de L. erysimi possui coloração verde-escura


Figura 9. Folha de brócolis com colônia do pulgão B. brassicae.

ou acinzentada, com antenas e pernas pretas, podendo ser identificada equivocadamente como B. brassicae; a forma alada tem cabeça e abdome verde-escuro, enquanto o tórax é verde-claro. Já a espécie M. persicae possui coloração verde-clara, rosada ou avermelhada (Figura 10).


Figura 10. Folha de brócolis infestada pelo pulgão Myzus persicae.

Esses pulgões podem atacar o cultivo de brócolis durante todo o seu ciclo e ocorrem em grandes colônias na face inferior das folhas, nas brotações e nas flores. A sucção contínua de seiva e a injeção de toxinas provocam o definhamento de mudas e plantas jovens, bem como o encarquilhamento das folhas, brotos e ramos. Além disso, a excreção de líquido açucarado durante a alimentação dos insetos favorece o desenvolvimento do fungo Capnodium sp., causador da fumagina (lâmina preta), que ocorre sobre as folhas e as estruturas reprodutivas da planta e afeta, consequentemente, a fotossíntese e a respiração das plantas, prejudicando a aparência das inflorescências.
A mosca-branca [Bemisia tabaci (Genn.) biótipo B (= espécie críptica Middle East-Asia Minor 1)] também é um inseto muito pequeno (Figura 11).
O adulto possui dorso amarelo-palha, antenas curtas e quatro asas membranosas recobertas com pulverulência branca. Quando o inseto está pousado na planta

Figura 11. Mosca-branca – Bemisia tabaci biótipo B (adulto).

suas asas não se sobrepõem. A ninfa (forma jovem) é translúcida de coloração amarelo a amarelo-pálido (Figura 12). Esse inseto causa danos aos brócolis pela sucção da seiva e ação toxicogênica, provocando alterações no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo das plantas.
Em alta infestação, as plantas apresentam coloração branco-acinzentada ou verde-opaca, cujo sintoma é conhecido como “talo branco”, que favorece o surgimento de fumagina sobre as folhas, talos e inflorescências dos brócolis, depreciando o produto comercializado.

 

Figura 12. Mosca-branca – Bemisia tabaci biótipo B (ninfas).


Existem várias medidas de controle para os pulgões e a mosca-branca. O primeiro passo para o manejo integrado dessas pragas consiste no monitoramento de suas populações com armadilhas amarelas adesivas instaladas estrategicamente nas bordaduras e no centro da lavoura. A inspeção periódica das armadilhas (duas vezes por semana) permite identificar quando os insetos sugadores estão colonizando o cultivo, bem como os maiores focos de infestação e a eficiência dos métodos de controle.
O controle cultural consiste na adoção de práticas que visam deixar o ambiente menos favorável ao desenvolvimento desse grupo de pragas.
Dessa forma, recomenda-se:
• O uso de sementes sadias e com alto poder germinativo.
• O uso de cultivares de ciclo curto e o planejamento da época de plantio para a região, visando à evasão no período/época de maiores picos populacionais das pragas.
• A produção de mudas em cultivo protejido com telado que dificulte a entrada das pragas.
• O uso de armadilhas amarelas adesivas para captura de pulgões alados e adultos de mosca-branca durante a fase de mudas em telado;
• A seleção de mudas sadias e vigorosas para o transplantio.
• O isolamento dos cultivos por data e área, a fim de evitar o escalonamento de plantio; a instalação dos cultivos no sentido contrário ao vento, do mais velho para o mais novo, para desfavorecer o deslocamento de insetos sugadores das lavouras mais velhas para as novas.
• A implantação prévia de barreiras vivas ou faixas de cultivos (sorgo, capim-elefante, milheto ou cana-de-açúcar) ao redor da lavoura; o plantio de espécies vegetais (coentro, artemísia, erva-doce) no entorno e dentro da área do cultivo (consórcio) que atraiam os inimigos naturais.
• A manutenção de vegetação nativa entre talhões e a cobertura do solo com superfície refletora (casca de arroz, palha de gramíneas ou plástico prateado), para dificultar a colonização de pulgões alados e adultos de mosca-branca.
• A adubação química conforme análise de solo ou foliar e requerimentos da cultura, a fim de evitar excesso de N.
• O manejo adequado da irrigação para evitar o estresse hídrico e favorecer o estabelecimento rápido das plantas, podendo também ser utilizada para controle mecânico pela remoção dos insetos sugadores das folhas e inflorescências.
• A manutenção de cultivos livres de plantas infestantes, a destruição de restos culturais logo após a colheita e a rotação de culturas com plantas não hospedeiras de pulgões e da mosca-branca.
O uso de inseticidas biológicos que contenham os fungos entomopatogênicos Brevicoryne bassiana e Lecanicillium spp. pode controlar os pulgões e a mosca-branca, principalmente quando os produtos forem utilizados com umidade relativa do ar acima de 60%.
O controle químico é a principal medida de controle de pulgões e mosca-branca e existem vários inseticidas registrados no Mapa para a cultura dos brócolis (Tabela 4).



Entretanto, o uso indiscriminado de agrotóxicos tem elevado substancialmente o custo de produção de brócolis e pode acarretar sérios danos ambientais e a contaminação da produção com resíduos tóxicos.
Para o controle dos pulgões e da mosca-branca, antes do florescimento dos brócolis também podem ser utilizados produtos alternativos, como óleo mineral ou óleo vegetal emulsionável e inseticida botânico à base de óleo de nim (Azadirachta indica), nunca ultrapassando a concentração de 0,5% (volume/volume) na calda pulverizada, ou seja, para o preparo da calda deve-se misturar 50 mL do produto comercial em 10 L de água. Doses mais altas poderão ocasionar fitointoxicação, e o uso frequente de produtos à base de nim pode ter efeito nocivo sobre os inimigos naturais.
As principais lagartas da ordem Lepidoptera que infestam os brócolis pertencem às seguintes espécies: Plutella xylostella (Linnaeus) (traça-das-crucíferas); Trichoplusia ni (Hübner) (lagarta falsa-medideira) e Ascia monuste orseis (Latreille) (curuquerê-da-couve). Plutella xylostella (família Plutellidae) – os adultos são mariposas de 8 mm a 10 mm de comprimento, com coloração parda e mancha branca na margem posterior das asas formando uma faixa em formato de diamante quando em repouso. Os ovos são muito pequenos, arredondados e esverdeados, depositados na face inferior das folhas e nas inflorescências. As lagartas atingem até 10 mm de comprimento, são de coloração verde-clara (Figura 13A), cabeça de cor parda e corpo com pelos escuros, curtos e esparsos. As lagartas causam desfolha e podem destruir completamente a lavoura.



Figura 13. Folha de brócolis com lagarta (A) e pupas de traça-das-crucíferas da espécie Plutella xylostella (B).

A traça pode ainda favorecer a entrada de bactérias oportunistas, como Pectobacterium spp., nos tecidos lesionados, aumentando a incidência de podridão-mole nas plantas.
A pupa é protegida por um casulo de seda branca (Figura 13B), facilmente reconhecida na face inferior das folhas. Trichoplusia ni – a mariposa é marrom e possui uma mancha branco-prateada no centro da asa anterior. Os ovos são arredondados e esverdeados. A sua postura é feita em camadas sobre a face inferior das folhas. A lagarta é verde-clara, com até 40 mm de comprimento, e apresenta a parte posterior do corpo mais robusta. Quando se locomove, apresenta movimento semelhante ao de medir com a palma da mão.
As lagartas atacam as folhas de brócolis e produzem grandes orifícios. No ápice da planta (região meristemática), as folhas são comidas dos bordos para o centro, entre as nervuras. A pupa é de coloração marrom e protegida por casulo fino de seda branca, sendo encontrada na face inferior da folha. Ascia monuste orseis – os adultos são borboletas com cerca de 50 mm de envergadura, corpo preto e asas branco-amareladas, com bordas marrom-escuras. Os ovos são amarelados, depositados em grupos não muito próximos na face inferior da folha, talos e inflorescências (Figura 14A).
As lagartas chegam a medir 40 mm de comprimento, possuem cabeça escura, corpo de coloração cinza-esverdeado, com faixas longitudinais amarelas e verdes e pontuações pretas (Figura 14B).
As lagartas ocasionam desfolha parcial ou total da planta e consomem as inflorescências e sementes produzidas. As pupas são de coloração marrom-esverdeada e não são protegidas por casulo de seda, sendo encontradas na própria planta ou no solo.


Figuras 14. Folhas de brócolis com ovos (A) e lagarta do curuquerê-da-couve (A. monuste orseis) (B).

Para o manejo integrado das lagartas em brócolis, deve-se monitorar a lavoura pelo menos duas vezes por semana. Para a traça-das-crucíferas, recomenda-se o emprego de armadilhas iscadas com feromônio sexual sintético para captura de mariposas e a inspeção das plantas (folhas, ramos e inflorescências) na busca de sintomas de infestação, de lagartas e pupas. Para os demais lepidópteros, devem-se inspecionar diretamente as plantas.
Além das medidas culturais para o controle de insetos sugadores, o manejo das lagartas na cultura dos brócolis deverá incluir:
• A adoção de cultivos intercalares (consórcio) com plantas não hospedeiras, que tenham porte ereto.
• A sucessão e rotação de culturas com plantas não hospedeiras, evitando-se plantios sucessivos de brássicas na mesma área de cultivo; a remoção de folhas com ovos/posturas e lagartas.
• A destruição e incorporação dos restos culturais e de cultivos abandonados; a eliminação de plantas espontâneas de cultivos anteriores antes do novo plantio de brócolis no mesmo local.
• A adoção de vazio fitossanitário, de modo que a área de cultivo e todas as outras áreas que lhe são próximas fiquem simultaneamente livres da cultura e de plantas hospedeiras das lagartas por, pelo menos, quatro semanas.
O uso de inseticidas químicos é a principal medida de controle de lagartas, com diversos produtos registrados para brócolis (Tabela 5). Alternativamente, podem-se utilizar inseticidas botânicos à base de óleo de nim (A. indica), com até 0,5% de concentração, na calda a ser pulverizada.
O uso de inseticidas biológicos que contenham a bactéria entomopatogênica Bacillus thuringiensis (Berliner) (subespécies kurstaki e aizawai) também pode controlar eficientemente esse grupo de pragas.
Esses inseticidas biológicos devem ser utilizados em fases iniciais do ataque, ou seja, quando as lagartas ainda são pequenas (menores que 1 cm de comprimento), principalmente durante o período de floração.
As pulverizações devem ser dirigidas às folhas, ramos e inflorescências, e realizadas sempre com vento fraco e no final da tarde, quando as temperaturas estão mais amenas.
Outra possibilidade de controle biológico é a liberação do parasitoide de ovos Trichogramma pretiosum (Riley) (Hymenoptera: Trichogrammatidae) para controle de P. xylostella (traça-das-crucíferas) e de T. ni (falsa-medideira), podendo ser utilizado conjuntamente com inseticidas à base de B. thuringiensis e inseticidas reguladores de crescimento para controle de lagartas, os quais são seletivos em favor desse inimigo natural.


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