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sábado, 25 de junho de 2016

Hortaliças Orgânicas: Cenoura (Daucus carota L)



Não há registro na literatura mundial sobre resultados práticos de programas de melhoramento de cenoura para sistemas orgânicos. No Brasil, grande parte da área de cenoura cultivada em sistemas orgânicos, utiliza-se de sementes de cultivares desenvolvidas pela Embrapa Hortaliças para uso em sistemas de cultivo convencionais. Em decorrência deste fato, as atividades de pesquisa executadas no âmbito do seu programa de melhoramento, têm como principal componente a validação de novas populações de cenoura desenvolvidas para cultivo em sistemas convencionais, em diferentes tipos de sistemas orgânicos da região do Distrito Federal. Adicionalmente, novas estratégias de melhoramento estão sendo analisado, o que deverá propiciar em curto prazo, o desenvolvimento de novas cultivares de cenoura específicas para uso em sistemas agroecológicos. Enquanto isso, cultivares como Brasília, BRS Alvorada, BRS Esplanada e BRS Planalto têm se adaptado satisfatoriamente ao cultivo orgânico. Além das boas características para processamento, a cultivar BRS Esplanada foi avaliada durante cinco ciclos de cultivo em sistema orgânico de produção, visando o consumo de mesa. A produtividade desta cultivar, neste sistema chegou, em testes realizados com produtores orgânicos na região do Distrito Federal, a 28 t ha-1. Em relação a cultivar de mesa BRS Planalto, ensaios de validação durante vários anos de teste em propriedades que utilizam o sistema agroecológico na região do Distrito Federal têm demonstrado produtividades superiores a 31,5 t ha-1.
A cenoura (Daucus carota), pertence a família das apiaceae, assim como o coentro, aipo, salsão, salsa e batata-salsa. A importância nutricional da cenoura (Figura 1) é atribuída, principalmente, ao alto teor de vitamina A (vitamina da beleza), essencial para a saúde dos olhos, pele, dentes e cabelos, atuando sobre o crescimento e aumentando a resistência do organismo às doenças. Outras vitaminas como B1, B2, B5 e vitamina C também são encontradas nas cenouras, além de teores consideráveis de sais minerais (cálcio, fósforo e ferro). O consumo regular de cenoura é eficiente no combate à anemia e falta de vitaminas.
Por ser consumida na forma de salada crua e também cozida, o cultivo orgânico de cenoura (sem agroquímicos) é essencial para garantir a saúde do agricultor, consumidor e meio ambiente. Pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, com 21 espécies de frutas e hortaliças em 26 estados no Brasil, revelou que, das 3.130 amostras coletadas em 2009, 29% apresentaram resíduos de agrotóxicos, especialmente, os não autorizados para as culturas. A cenoura foi uma das mais contaminadas, apresentando 24,8% das amostras com resíduos de agrotóxicos. Considerando que na cenoura, praticamente, não há prejuízos com pragas e doenças e, por isso, não necessita de agrotóxicos, estes resultados são muito preocupantes. Chama a atenção a quantidade de amostras contaminadas com acefato. Além de ser proibida em vários países, a substância está sendo reavaliada pela Anvisa, pois é um dos ingredientes ativos com alto grau de toxicidade aguda contribuindo para os problemas neurológicos, reprodutivos, de desregulação hormonal e até câncer.

Recomendações técnicas

Escolha correta da área e análise do solo: na escolha da área devem-se evitar terrenos úmidos e/ou sombreados. A cenoura produz melhor em solos leves e soltos (areno-argilosos,franco arenosos e turfosos).

Épocas de semeadura e cultivares: o cultivo pode ser feito durante o ano todo. Mas, para cada época deve-se escolher a cultivar correta. As cultivares de inverno não podem ser semeadas no verão devido à susceptibilidade às doenças foliares. Por outro lado, as cultivares de verão semeadas no inverno, florescem, em detrimento da qualidade das raízes. Para cultivo no outono e início de inverno no Litoral, recomenda-se cultivares do grupo Nantes (Nantes, Meio comprida de Nantes,Nantes Superior e outras). No final de inverno, primavera e verão são indicadas as cultivares do grupo Brasília (Brasília, Brasília RL, Brasília Irecê, Brasília Calibrada G, Brasília Alta Seleção e Brazlândia). Pesquisa na Estação Experimental de Urussanga, na semeadura de agosto, revelou a superioridade do cultivo orgânico em relação ao sistema convencional.

Preparo do solo e do canteiro: as sementes, por serem pequenas, exigem bom preparo do solo para que ocorra boa emergência das plantas. No preparo do canteiro, recomenda-se: correção da acidez, revolvimento do solo, manualmente (pá de corte ou enxadão) ou mecanizado (aração profunda e gradagens cruzadas), espalhar na área o adubo orgânico curtido sete a dez dias, antes da semeadura, e construção dos canteiros com auxílio de um roto-encanteirador ou rotativa de microtrator.
Os canteiros devem ter em torno de 1,10 m de largura e 15 cm de altura e comprimento variável. Após o nivelamento e retirada dos torrões marca-se os sulcos de semeadura (1 a 2 cm de profundidade), espaçados de 30 em 30 cm, utilizando-se um riscador.

Adubação de plantio: a adubação orgânica deve ser feita com base na análise do solo e nos teores de nutrientes do adubo orgânico. Plantas bem nutrida são mais resistentes às pragas e doenças. Fundação 2,0 t ha de fosfato Natural e 300 kg há de Algen (Lithothamnium), dois meses antes do plantio, composto 2 kg/m2 + Bokashi 200gr/m2.

Semeadura, cobertura do solo e manejo de plantas espontâneas: semeia-se diretamente em sulcos, manualmente ou com semeadora de tração mecânica ou manual, 0,5 a 1g de sementes por m2. O uso de cobertura após a semeadura é recomendado, especialmente no verão, quando as temperaturas são elevadas e as precipitações freqüentes. Pesquisa da Epagri revelou maior emergência de plantas ao utilizar sombrite, pó-de-serra ou casca de arroz (2 cm) como cobertura, em comparação ao solo descoberto. A cobertura protege as sementes do sol direto no verão, da erosão provocada pela irrigação ou chuvas e, impede a formação de uma crosta dura no solo que impede a emergência das plantas.O período mais crítico de competição com as plantas espontâneas é na emergência da cenoura, até os 25 dias subsequentes. Após, as plantas espontâneas não reduzem a produção e, ainda favorecem o equilíbrio ecológico. Para retardar as plantas espontâneas, uma boa opção é a cobertura do canteiro com jornal (preto e branco); cobre-se todo o canteiro utilizando-se uma folha de jornal e, sobre esta, aplica-se 2cm de composto orgânico peneirado. Depois, procede-se a abertura dos sulcos, a semeadura e cobertura das sementes e, irrigação do canteiro.

Desbaste e adubação de cobertura: após três semanas da emergência da cenoura, efetuar o desbaste (eliminação do excesso de plantas). Recomenda-se deixar 10 a 15 plantas por metro linear, ou seja, 7 a 10 cm entre plantas. Aos 25 dias após a semeadura, quando necessário, faz-se uma adubação em cobertura. Bokashi 200gr/m2

Irrigação: o sistema de irrigação por aspersão é o mais utilizado. O solo deve ser mantido úmido, sem encharcar, durante todo o ciclo da cultura. A falta d'água no solo, seguidos de irrigação excessiva, podem provocar rachaduras nas raízes que pode ser agravado com a deficiência de boro e/ou cálcio. Por isso, recomendam-se irrigações diárias leves até a emergência da cenoura (até os 40 dias após a semeadura).

Manejo de doenças e pragas: é resistente às pragas. As principais doenças são: queima das folhas e podridão mole. A Queima das folhas é causada por dois fungos e uma bactéria que aparecem com umidade relativa do ar alta e temperatura entre 24 e 28 ºC. Manejo: usar cultivares resistentes (grupo Brasília); plantio em locais enxutos e ventilados e rotação de culturas. A Podridão mole é causada por uma bactéria ainda na lavoura. As raízes apresentam pequenas áreas encharcadas e sob condições de altas umidade e temperatura, aumentam rapidamente, tornando o tecido mole e pegajoso e com cheiro desagradável, ocasionando o amarelecimento das folhas, a seca e morte da planta. Manejo: fazer canteiros altos; rotação de culturas; evitar terrenos encharcados; evitar ferimentos nas raízes, por ocasião dos tratos culturais e colheita.

Colheita: a colheita é realizada entre 85 e 110 dias após a semeadura. Não retardar a colheita para evitar que se tornem muito grossas e fibrosas, sujeitas à rachaduras. O consumidor prefere raízes mais novas. As cenouras são arrancadas manualmente, após uma irrigação prévia para evitar danos. Após as folhas são cortadas rente às raízes e colocadas em caixas plásticas. Ainda no campo, faz-se a separação das raízes comerciais daquelas do tipo descarte (raízes laterais, bifurcadas, apodrecidas, rachadas e danificadas). As raízes são lavadas, manualmente, com água corrente. Em seguida, faz-se nova seleção, eliminando-se as raízes danificadas por doenças e/ou pragas e as defeituosas.
As cenouras são lavadas e secas o mais rápido possível. Em seguidas são classificadas conforme o comprimento e o diâmetro das raízes. Em ambiente natural, as raízes se conservam com qualidade adequada, no máximo até 7 dias.

Beneficio da Cenoura Para a Saúde

Prevenção do Câncer: Os altos níveis de antioxidantes na cenouras ajuda a diminuir o risco de câncer. Estudos descobriram que a cenoura pode ajudar a prevenir três dos tipos mais comuns de câncer: mama, pulmão e câncer de cólon. Eles são uma das poucas fontes alimentares de falcarinol, um pesticida natural e álcool graxo que a pesquisa constatou que podem prevenir o câncer.

Melhor digestão: As cenouras são uma grande fonte de fibras, o que é importante para manter o sistema digestivo funcionando corretamente. Ela também ajuda a voce a sentir-se cheio assim você acaba comendo menos.

Olhos saudáveis: As cenouras são uma grande fonte de beta-caroteno, que é convertido em vitamina A no organismo e é essencial para a saúde ocular. Além disso, melhora a visão noturna e previne doenças oculares relacionadas à idade, como catarata e degeneração macular.
Anti-envelhecimento: A vitamina A nas cenouras ajuda a pele, ajudando a livrar-se de células danificadas e regenerando novas. A vitamina A também mantém a pele protegida dos raios Utra Violetas prejudiciais, retarda o envelhecimento, previne a acne, ajuda a pele seca, e melhora a aparência.
Saúde do Coração: Um estudo descobriu que o risco de doença cardíaca foi reduzido em 32% em pessoas que comiam pequena porção de cenouras por dia. Outro estudo que acompanhou idosos descobriu que aqueles que comeram uma xícara de cenoura ou abóbora por dia reduziu seu risco de doença cardíaca por um gritante 60%. Alguns estudos também mostram uma ligação entre o consumo de beta-caroteno e redução do risco de problemas cardíacos.
Níveis de colesterol: A fibra da cenoura ajuda a reduzir níveis de colesterol. O magnésio em cenouras também ajuda a regular o colesterol.
Perda de peso: As cenouras são ricos para nutrição e baixa em calorias, o que significa que você vai se sentir de estômago cheio, sem comer muitas calorias. Além disso, as cenouras ajudar a melhorar o funcionamento do metabolismo porque contém ácido nicotina para quebrar os lípidos e as gorduras que estão presentes no interior do corpo.






quinta-feira, 23 de junho de 2016

Araruta ( Maranta arundinacea L. - Amarantaceae)



Araruta ( Maranta arundinacea L. - Amarantaceae)

Também conhecida como agutingue-pé, araruta-caixulta, araruta-comum, araruta-palmeira e embiri.
É planta herbácea perene podendo atingir de 1,5 a 1,8 m de altura. Um intrincado complexo de pequenos caules rizomatosos é formado no sistema radicular. As estruturas subterrâneas (caules rizomatosos) são utilizadas para consumo, especialmente para a extração de amido. Apreciado e procurado por suas características organolépticas, o amido é de ótima digestibilidade.
A colheita é feita com auxílio de enxadão ou aiveca, quando as folhas estão murchas e pálidas. Após colhidos, os rizomas devem ser lavados e preparados para o processamento. A produtividade pode superar 30 mil kg/ha.



Hortaliças não convencionais na alimentação

O consumo de hortaliças de modo geral, convencionais ou não convencionais, traz vários benefícios por serem leves e de fácil digestão. Auxiliam na saciedade fornecendo poucas calorias. Fornecem água, nutriente indispensável para o corpo humano. São ricas em fibras que auxiliam no bom funcionamento do intestino. Contêm minerais e vitaminas, importantes no combate de doenças e no bom funcionamento do organismo.
O valor nutricional das hortaliças não convencionais varia de espécie para espécie e está relacionado com a quantidade significativa de vitaminas (A, B e C), sais minerais (cálcio, fósforo, potássio, ferro), fibras, carboidratos e proteínas, além de substâncias funcionais (antioxidantes, carotenoides, flavonoides e antocianinas). Como exemplo, tem-se o orapro-nóbis, conhecido como “carne-vegetal” ou “carne-de-pobre”, por seus elevados teores de proteínas.
A forma como cada hortaliça é usada varia de região para região. Geralmente são utilizadas folhas, frutos, flores, talos, raízes e sementes, em diversas preparações: saladas cruas e cozidas; refogados, sopas, cremes e molhos; omeletes, pastas, patês, recheios e suflês; produtos de panificação, massa de macarrão, pães, biscoitos e bolos; chás, sucos e geleia; em preparações com carnes, frango e como acompanhamento de arroz, feijão, angu e outros.

Informações gerais sobre cultivo e consumo

Época de plantio: Ano todo de acordo com a região.

Colheita: 6 a 7 meses após o plantio

Propagação: Por rizomas em leiras (camalhões). 

Espaçamento: 0,8 a 1,0 m x 0,3 a 0,5 m

Parte consumida: Rizomas (fécula - polvilho) para biscoitos, pães e mingaus.

Algumas receitas

Sequilhos de araruta 

Ingredientes 
Azeite de oliva à vontade
200 gramas de margarina
150 gramas de açúcar
400 gramas de polvilho de araruta 
1 xícara de coco ralado 
1 ovo 

Modo de Preparo
Misture todos os ingredientes. Se precisar, junte mais um pouco de araruta. A massa fica uma bola e solta das mãos. Faça bolinhas pequenas e achate-as com um garfo, fazendo um desenho. Coloque em uma assadeira untada e enfarinhada e leve ao forno até ficarem durinhos. Não devem dourar. Retire do forno, deixe esfriar e guarde em um pote bem fechado.

Como plantar araruta

Sendo a fécula e a farinha subprodutos de consumo extraídos do seu rizoma, a araruta (Marantaarundinacea) não é classificada como hortaliça sob o conceito das ciências agronômicas. Contudo, a planta foi incluída no grupo de alimentos que, no meio acadêmico, são mais conhecidos como hortaliças não convencionais, a fim de promover o resgate de seu uso nas receitas culinárias.
Antes tradicionais no prato do brasileiro, frutas, folhosas, leguminosas e raízes, assim como a araruta, foram perdendo espaço nas últimas décadas diante das mudanças nos hábitos alimentares da população. Além de não contarem com produção comercial em escala, o crescente processo de urbanização e globalização favoreceu o incremento da demanda por comida industrializada.

Alvo de retomada do plantio por institutos de pesquisas e empresas de extensão rural, com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a araruta é de fácil cultivo. Os próprios órgãos de estudo ou organizações de agricultores fornecem informações técnicas para o plantio, que pode ser em pequenas áreas e apresentam baixo custo.
Cerca de 50 plantas bastam para consumo próprio, rendendo de 5 a 10 quilos de fécula (amido ou polvilho) ou de 15 a 20 quilos de farinha. Para produção comercial, ao menos 500 metros quadrados são necessários para o plantio, cujo custo inclui o preparo do solo, adubação leve e mão de obra.
Dotado de amido fino, branco e de excelente qualidade, a farinha e, especialmente, o polvilho do rizoma contam com a vantagem de serem alimentos muito ricos em carboidratos e altamente nutritivos. Isentos de glúten, são recomendados inclusive para celíacos (pessoas com restrições alimentares à proteína presente no trigo, aveia, cevada e centeio).
Leve e de boa digestão, a fécula branca retirada do rizoma (caule diferenciado e subterrâneo) da planta é adequada para o preparo de mingaus, brevidades, sequilhos, bijus, bolos e biscoitos. Também tem uso na produção de doces, caldas de frutas e no engrossamento de molhos, cremes e sopas.
O rico potencial de utilidade da araruta não se restringe apenas a receitas culinárias, no entanto.As fibras resultantes do processo de extração da fécula podem ser usadas como matéria-prima para a produção de papel.
Conhecida por diferentes nomes, a araruta é oriunda de regiões tropicais da América do Sul. Relatos indicam que o cultivo da planta já ocorria há cerca de 7.000 anos, porém, passou a ser abandonado com o aumento na fabricação de amido de mandioca e de farinha de trigo e milho, produtos mais abundantes para servirem como componentes no processamento de outros alimentos.

RAIO X
SOLO: leve, arenoso e rico em matéria orgânica

CLIMA: quente e úmido
ÁREA MÍNIMA: 500 metros quadrados
COLHEITA: de 6 a 9 meses após o plantio
CUSTO: baixo, incluindo preparo do solo para o plantio em camalhões, adubação leve e mão de obra

MÃOS À OBRA
INÍCIO Procure saber mais sobre a araruta por meio do manual e cartilha sobre hortaliças não convencionais do Mapa. O manual trata dos sistemas de produção e da cartilha do projeto realizado em Minas Gerais com os bancos comunitários, resultado da parceria entre o ministério, a Embrapa Hortaliças, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e a Universidade Federal de Viçosa (UFV).

AMBIENTE Quente e úmido são as características ideais de clima para o plantio de araruta. No entanto, o cultivo também pode ser realizado em todo o território nacional durante a estação quente e chuvosa, à exceção de regiões muito frias dos Estados do Sul e Sudeste e das semiáridas dos Estados do Nordeste.
PLANTIO Utilizam-se preferencialmente as extremidades dos pequenos rizomas ou parte deles. É feito em camalhões ou leiras, o que facilita também a colheita. Produz melhor em solos leves (mais arenosos) e ricos em matéria orgânica. Indica-se plantar no início do período chuvoso e/ou quente, o que pode variar de acordo com a região. No Sudeste, Centro-Oeste e Sul, ocorre de setembro a outubro; enquanto no Nordeste e Norte, entre novembro e janeiro.
ESPAÇAMENTO Mantenha cerca de 1 metro entre as leiras e 50 centímetros entre as plantas nas leiras. Muito rústica e resistente a pragas e doenças, a araruta pode ser atacada por algumas pragas desfolhadoras, mas sem comprometimento da produção de rizomas.
PRODUÇÃO Ocorre quando a chuva diminui ou cessa ou quando as temperaturas caem, em geral de seis a nove meses após o plantio. A colheita é manual e com auxílio de enxadão, podendo-se usar aiveca para levantar as plantas e facilitar o recolhimento dos rizomas. Em seguida, para limpá-los, retire o excesso de solo e as palhas. Lave-os com água em abundância, para ser feito da porção central deles o processo de extração da fécula ou farinha.
ONDE COMPRAR: os rizomas da araruta, ou porções deles, são as mudas que podem ser adquiridas com outros produtores. A Embrapa Hortaliças, a Epamig, a Emater-MG e o Instituto Emater (Paraná) são parceiros em trabalhos de resgate do cultivo de araruta e podem fornecer informações sobre onde obter muda




sábado, 18 de junho de 2016

Preparo do Solo para Batata




Solos - Escolha da Área e Preparo do Solo

A batata pode ser cultivada em solos que ofereçam condições para o adequado crescimento do sistema radicular e dos tubérculos. O sistema radicular da planta da batata é relativamente delicado e raso, podendo desenvolver-se até 1,0 m de profundidade; porém, com maior concentração na camada de 0 a 30 cm. Os tubérculos também se desenvolvem na camada mais superficial. Estas características contribuem para que a cultura seja exigente em fertilidade do solo e altamente responsiva a adição de nutrientes. Além disso, o preparo do solo, plantio e amontoa devem ser feitos de tal forma que garantam não só a emergência rápida das plantas, mas também a penetração das raízes na maior profundidade possível e boa drenagem. Também é importante que os tubérculos em desenvolvimento encontrem condições favoráveis e permaneçam cobertos com solo suficiente, pois aqueles expostos à luz tornam-se verdes e são facilmente atacados por insetos e patógenos.
Escolha da área
A área para plantio da batata deve ser bem ventilada, com solos profundos, estruturados, com boa fertilidade e que tenham sido cultivados previamente, de preferência com gramíneas. Recomenda-se terrenos relativamente planos, pois os mais declivosos, além de dificultarem a mecanização, favorecem a erosão, já que a cultura da batata exige grande mobilização do solo durante o cultivo e a colheita.
Devem ser evitados solos sujeitos ao encharcamento, pois prejudicam o arejamento das raízes e favorecem o apodrecimento dos tubérculos. Solos erodidos, compactados, ou muito argilosos, além de dificultarem o preparo, provocam deformação nos tubérculos.
Um dos aspectos mais relevantes à bataticultura é evitar o replantio de batata ou plantio em locais onde foram cultivadas solanáceas (fumo, pimentão, tomate) em anos anteriores, bem como áreas contaminadas com patógenos de solo comuns à batata, como cenoura e beterraba, que possam ser limitantes ao bom desenvolvimento da cultura.
Preparo do solo
O preparo do solo depende não só das suas características, mas também do tipo de colheita que se pretende adotar. Geralmente, consiste no preparo inicial com arações seguidas de gradagem ou subsolagem, seguidas de outra aração e gradagem, ou apenas escarificação, com antecedência de um a dois meses. Na época do plantio, normalmente, é realizado o preparo secundário, com a finalidade de nivelar e destorroar a camada mais superficial do solo para facilitar a implantação e o desenvolvimento inicial das plantas, podendo ser realizadas operações com grades e enxada rotativa.
No preparo inicial, a subsolagem, que objetiva a descompactação do solo em camadas abaixo de 30 cm, somente é recomendada quando a camada compactada impede o fluxo de água ou o sistema radicular das plantas, pois este processo utiliza grande gasto de energia e requer mais operações complementares, já que a superfície do solo fica bastante irregular. A aração visa à descompactação de camadas até 30 cm e promove a incorporação de restos culturais, corretivos e plantas daninhas, podendo ser utilizados arados de aivecas ou de discos. A escarificação também promove descompactação até a profundidade de 30 cm, porém mantendo parte da cobertura vegetal existente e movimentando menos o solo.
O preparo secundário deve ser realizado o mais próximo possível do plantio, nivelando a superfície do solo, eliminando plantas invasoras e tornando o leito adequado ao estabelecimento da lavoura. Normalmente são utilizadas grades de discos ou de dentes; estas são mais sujeitas ao acúmulo de palha (embuchamento), mas possuem a vantagem de desagregar menos o solo. As enxadas rotativas são bastante empregadas em áreas pequenas e possibilitam várias regulagens quanto ao tamanho dos torrões.
Com o aumento da colheita mecanizada em solos mais argilosos, tem-se utilizado enxada rotativa para diminuir a ocorrência de torrões que podem ser recolhidos juntamente com os tubérculos, o que aumenta a perda de solo e os custos de transporte e lavagem da batata colhida. Nessas áreas, alguns produtores têm utilizado a enxada rotativa, inclusive antes da semeadura da cultura precedente (normalmente uma gramínea), visando à redução da ocorrência de torrões na colheita da cultura da batata subsequente. No entanto, ressalta-se que o número de operações e a mobilização do solo devem ser os menores possíveis para não haver compactação das regiões mais profundas do solo ou pulverização excessiva da camada superficial, o que pode aumentar o risco de erosão.

Correção do Solo

A grande maioria dos solos brasileiros onde se cultiva a batata são ácidos, ou seja, com pH abaixo da faixa ideal de cultivo, entre 5,5 e 6,0. A calagem promove importante modificação no ambiente radicular, pois diminui a acidez do solo, fornece Ca e Mg e aumenta a disponibilidade e eficiência na utilização de vários nutrientes. Assim, apesar de ser considerada relativamente tolerante à acidez do solo, a cultura da batata responde positivamente à aplicação de corretivos da acidez.
A amostragem de solo é a primeira e mais crítica etapa de um bom programa de correção do solo e adubação. Para que a análise química represente adequadamente as características do solo avaliado, é de fundamental importância que a amostragem seja feita seguindo alguns critérios básicos: a) dividir a área em glebas homogêneas, nunca superiores a 20 hectares, de acordo com a topografia, cobertura vegetal, cultivo precedente, drenagem, textura, cor, grau de erosão, profundidade e tipo de solo, amostrando cada área isoladamente; b) de cada gleba, deve-se retirar várias subamostras em ziguezague, de 10 a 20, percorrendo toda a área homogênea; c) antes da coleta, deve-se afastar os detritos, vegetação e restos culturais da superfície do solo, bem como, evitar pontos próximos a cupinzeiros, formigueiros, currais, depósitos de corretivos ou fertilizantes e manchas de solo; d) para a cultura da batata, a amostragem deve ser realizada a profundidade de 0 a 20 cm; e) as amostras podem ser coletadas com trado de rosca, trado calador, trado holandês, pá reta, ou mesmo enxadão; f) após a reunião e homogeneização das subamostras, devem ser retiradas cerca de 500 g de solo para envio ao laboratório; g) a coleta das amostras e o envio destas para o laboratório devem ser realizados pelo menos três a quatro meses antes do plantio e, h) cada amostra deve ser adequadamente identificada.
A quantidade de corretivo deve ser determinada com base na análise química e física do solo, no poder relativo de neutralização total (PRNT) do corretivo e na profundidade de incorporação. Recomenda-se muito cuidado no cálculo da calagem, pois calcário em excesso eleva o pH acima de 6,0, situação que favorece o ataque da sarna-comum, uma das doenças de maior dificuldade de controle na cultura da batata.
A necessidade de calagem pode ser determinada por três métodos: o método baseado nos teores de Ca, Mg e Al trocáveis no solo, o método da solução tampão SMP e o método da saturação por bases.
Necessidade de calagem pelo método baseado nos teores de Ca, Mg e Al trocáveis
Consideram-se a susceptibilidade ou a tolerância da cultura à acidez trocável (considerando a máxima saturação por Al3+ tolerada pela cultura - mt) e a capacidade tampão do solo (Y). Este método também visa elevar a disponibilidade de Ca2+ e Mg2+ de acordo com as necessidades das culturas destes nutrientes (X).
Dessa forma, a necessidade de calagem em t/ha é calculada de acordo com a equação descrita a seguir (1):
NC (t/ha) = Y [Al3+ - (mt . t/100)] + [X – (Ca2+ + Mg2+)]          (1)
Em que:
NC = necessidade de calagem em t/ha;
Y = capacidade tampão da acidez do solo;
Al3+ = acidez trocável em cmolc/dm-3;
mt = máxima saturação por Al3+ tolerada pela cultura em %;
t = CTC efetiva em cmolc/dm-3;
X = exigência da cultura em Ca e Mg.
Y é um valor variável em função da capacidade tampão da acidez do solo, que pode ser definido de acordo com a textura do solo, enquanto os valores de mt compreendem a máxima capacidade de saturação por Al3+ tolerada pela batateira, e X, variável em função dos requerimentos de Ca e Mg da batateira (Tabela 1).
Com base na equação (1), a quantidade de corretivo a ser aplicada considera o PRNT igual a 100% e a profundidade de incorporação de 20 cm. Se o PRNT for menor, o que é comum, ou o corretivo for incorporado a maiores profundidades, por exemplo, 30 cm, o que é bastante desejável, há necessidade de correção da dose.
Necessidade de calagem com base no método SMP
Nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e parte do Paraná, a necessidade de calagem é calculada pelo método SMP, objetivando, para a cultura da batata, elevar o pH em água até 5,5 na camada de 0 a 20 cm (Tabela 2). Contudo, para batata cultivada em sistemas de rotação de culturas, após mais de um ano da aplicação do calcário, pode-se realizar a elevação do pH em água a 6,0, para não comprometer a produtividade das demais culturas que compõem o sistema.
Necessidade de calagem com base no método da saturação de bases
No caso da batateira, a recomendação é aplicar calcário para elevar a saturação por bases a 60% sempre que o valor for inferior a 50%, e procurar elevar o teor de Mg no solo ao mínimo de 8 mmolc/dm-3. Assim, a quantidade de calcário a ser aplicada e incorporada a uma profundidade de 20 cm é calculada pela equação (2):
NC (t/ha) = CTC x (60 – V1)/10 x PRNT      (2)
Em que:
NC = necessidade de calagem em t/ha a 20 cm de profundidade;
CTC = capacidade de troca catiônica em mmolc/dm-3;
V1 = saturação por bases inicial do solo em %.;
PRNT = poder relativo de neutralização total.
Escolha do corretivo, forma e época de aplicação
A velocidade de reação ou reatividade (RE) e o poder de neutralização da acidez do solo do corretivo (PN) compõem o índice PRNT. Quanto maior o PRNT, maior a qualidade do corretivo e mais rápido o seu efeito na neutralização da acidez do solo. O PRNT, então, influencia a época de aplicação, além do fato de que a dose recomendada deve ser corrigida com base nesse índice. O custo do produto por unidade de PRNT, posto na propriedade, também deve ser considerado no momento de adquirir um corretivo.
A escolha do corretivo também deve considerar a disponibilidade de Mg no solo e a necessidade das culturas. Os corretivos da acidez do solo mais comumente utilizados são os calcários agrícolas (rocha calcária moída). Existem calcários agrícolas com diferentes concentrações e proporções de Ca e Mg, sendo classificados em calcíticos, quando o teor de MgO é menor que 5%, magnesianos, quando o teor de MgO é de 5% a 12%, e dolomíticos quando maior de 12%. Assim, dependendo da situação, pode-se optar pelo uso de calcários calcíticos, magnesianos ou dolomíticos.
Além dos calcários agrícolas, outros produtos como o calcário calcinado agrícola, cal hidratada agrícola, cal virgem agrícola e escórias (silicatos de Ca e Mg) podem ser utilizados para a correção de acidez do solo. As escórias ou silicatos, além da correção da acidez e fornecimento de Ca e Mg, também fornecem silício (Si), que pode ser um elemento benéfico para a cultura da batata.
O corretivo deve ser aplicado com antecedência ao plantio da batata, utilizando-se, de preferência, materiais com PRNT elevado. A distribuição do corretivo deve ser feita de maneira uniforme em toda a área, e este, incorporado até 20 cm de profundidade. Caso o corretivo seja incorporado em maiores profundidades (30 cm), a quantidade precisa ser maior e deverá ser distribuída a lanço, metade antes da aração e metade após, com posterior gradagem. Para melhores resultados, a incorporação deve ser homogênea, proporcionando o máximo contato do corretivo com as partículas de solo, favorecendo, assim, a reação de neutralização da acidez.
O gesso agrícola não possui poder corretivo de acidez, mas pode ser utilizado como excelente fonte de Ca e S, bem como, para redução da atividade do Al tóxico nas camadas mais profundas do solo. 


O solo para o plantio de batata é preparado por aração e gradagem. A aração visa enterrar os restos culturais, controlar plantas daninhas e “cortar o solo”, revolvendo-o, tornando-o mais solto, permeável, menos compactado, aerado, permitindo melhores condições de desenvolvimento das plantas de batata. 

A gradagem destorroa e nivela o solo arado. Muitas vezes, o preparo do solo é feito apenas com a enxada rotativa, dependendo do nível de desagregação desejado. 

O nível de desagregação e distribuição dos agregados no perfil do solo precisa ser adequado à cultura, épocas de preparo do solo e de plantio, quantidade e disponibilidade de água, teor de matéria orgânica e susceptibilidade do solo à erosão. Apesar da existência de métodos laboratoriais, o julgamento sobre o ponto ideal de preparo do solo depende da prática do profissional (Oliveira, 1997). 
É comum os bataticultores utilizarem sistema de preparo que mobiliza intensa camada superficial do solo, que pode favorecer a degradação e a erosão, causando prejuízos econômicos e comprometendo a competitividade da cultura (Boller et al., 1998). São raros no Brasil os trabalhos versando sobre preparo do solo e performance da cultura da batata (Fontes, 1997). Em outros países, tem se preocupado em reduzir a compactação e a erosão e obter o maior nível de retenção de água no solo por meio de seu preparo adequado. 
Com freqüência, o cultivo da batata é feito em solo de moderada à alta declividade, que, sendo intensamente preparado, pode ser erodido. Neste caso, as taxas de infiltração de água, porosidade, aeração e capacidade de retenção de água ficam reduzidas, impedindo atingir alta produtividade de batata (Rachwall & Dedecek, 1993). 
Para a cultura da batata, a escolha dos implementos para as operações de preparo do solo está em função da disponibilidade dos equipamentos na propriedade, sendo pouco observado critérios técnicos e conservacionistas, pois quase sempre há reduzida disponibilidade dos mesmos. 

Contudo, mudanças significativas estão ocorrendo em relação às preocupações com o meio ambiente e manutenção dos recursos naturais, havendo forte questionamento sobre a perda de solo por erosão e necessidade de intensa mobilização do solo para cultivo da batata. Neste contexto, surgiu o plantio direto, já amplamente divulgado e utilizado pelos produtores de grãos. 

A preocupação com os exageros verificados no preparo do solo, para o plantio da batata, tem levado pesquisadores a buscarem sistemas alternativos de preparo do solo, como o uso da aração em faixa (Pierce & Burpee, 1995), preparo reduzido (Alva et al., 2002), aração inicial de toda a área com escarificador, ao invés de usar o arado de aiveca, (Carter et al., 2001) e mesmo o semeio direto. 
O semeio direto da batata é prática não realizada ainda em escala comercial. Ekeberg & Riley (1996), experimentalmente, na Noruega, mostraram a viabilidade do “plantio direto” da batata em restos culturais de cevada e Boller & Prediger (2000), no Brasil, mostraram ser possível o plantio direto de batata em camalhão previamente construído. 
Alternativamente e em posição intermediária ao plantio direto e preparo convencional encontra-se o “cultivo mínimo” ou preparo reduzido do solo. Boller et al. (1998) não encontraram diferenças significativas na produção de batata quando o solo foi mantido com maior quantidade de cobertura vegetal.


Determinadas áreas de produção de batata no Brasil talvez possam ser beneficiadas com o uso do preparo reduzido do solo ou do plantio direto da batata, para minimizar a erosão e diminuir custos. Com o preparo mínimo, ficando o solo mais firme, a área pode ser plantada mais cedo, após período de chuva. 

Pode haver menos gasto de combustível, modificação da temperatura do solo, controle de determinadas espécies de plantas daninhas e de patógenos do solo, menos dispersão de patógenos do solo, competição diferenciada pelos nutrientes e água, problemas com patógenos do solo, produção de compostos fitotóxicos à batateira, entre outras vantagens e desvantagens. 
Em razão do exposto, foi pensado que seria oportuno avaliar a possibilidade de realizar o plantio de batata, utilizando-se o semeio direto ou o cultivo mínimo. Para tal, foi passado para Antônio Donizette de Oliveira, estudante de doutorado em Engenharia Agrícola da UFV, o desafio de construir um protótipo para o semeio direto de batata. Após seguidas modelagens, ajustes, confecções de peças e testes no campo ficou pronto o protótipo denominado UFV-ENG (Oliveira, 2003). 

O UFV-ENG foi usado em um experimento realizado na Horta de Produção do DFT/UFV, em solo classificado como Argissolo Vermelho-Amarelo Câmbico, fase Terraço (42% de argila), que estava coberto com densa vegetação de mucuna preta. Antes do experimento, a mucuna foi ceifada e retirada da área. O experimento constou de seis tratamentos, sendo três sistemas de plantio (convencional, direto e mínimo) e duas práticas de amontoa (com e sem) e quatro repetições.


O plantio convencional foi feito com uma plantadora-adubadora de duas linhas, existente no mercado, após o solo ter sido preparado com enxada rotativa. A plantadora foi emprestada pelo dr. José Daniel, da Abasmig (Associação dos Bataticultores de Minas Gerais). O plantio direto foi feito com a mesma plantadora-adubadora, após ter sido submetida a adaptações (UFV-ENG -Adaptação 1). O plantio mínimo foi feito com a mesma plantadora, após ter sido submetida a adaptações diferentes da anterior (UFV-ENG 

– Adaptação 2). 
O experimento foi realizado no período de 10/05/2002 a 27/08/2002, sendo seguidas as práticas culturais rotineiras para a cultura, incluindo irrigação por aspersão. Foi utilizada batata-semente cedida pela Abasmig. Foram avaliados os desempenhos do maquinário, características do solo e produção qualificada de tubérculos. Serão mostrados apenas os Quadros 1 e 2, adaptados do trabalho de Oliveira (2003). 

O experimento foi realizado em área plana, que estava plantada com mucuna preta nos últimos três anos, em solo argiloso, na época seca do ano, com tubérculo-semente em início de brotação da cultivar Monalisa. Utilizou-se o espaçamento de 75 cm entre fileiras, herbicidas e controle manual de tiririca, 
dessecamento químico da parte aérea e arranquio dos tubérculos com enxadão. 
Antes das conclusões, os pontos acima listados merecem atenção dos leitores já que em outras localidades, situações e procedimentos, pode ocorrer resultado diferente. Obviamente, não podem ser enumeradas todas as diferenças que possam existir entre as condições do experimento relatado e cada situação específica, pois é difícil imaginar o universo de variações existentes (produtor x ambiente x sistema de produção). 

Portanto, como qualquer tecnologia, o protótipo precisa ser submetido à avaliação de desempenho e prováveis adaptações. Isso é por nós chamado de ajuste local, sinônimo do refinamento de uma informação ou tecnologia para cada situação. Para tal, além de prática, é necessário conhecimento, 
coragem e criatividade, atributos que tentamos transmitir aos alunos de Agronomia da UFV.

Conclusões: 

É possível plantar batata em plantio direto ou em cultivo mínimo. 
O plantio convencional propiciou mais rápida emergência da planta. Os três métodos de plantios, (a) com a plantadora-adubadora convencional; (b) com o protótipo UFV-ENG submetido à modificação 1 (plantio direto) e (c) com o protótipo submetido à modificação 2 (plantio com cultivo mínimo) propiciaram semelhantes estandes (média de 41.980 plantas/ha) e produtividades total e comercial de tubérculos. 

É necessário fazer a amontoa quando o plantio for feito com o protótipo submetido à modificação 2 (cultivo mínimo) para diminuir a produção de tubérculo não comercial; nos outros dois métodos de plantio, a amontoa foi desnecessária. 
O uso do protótipo UFV-ENG permitiu economias de tempo e de óleo diesel. Em adição à redução de custos, o protótipo poderá propiciar menores perdas de solo e de nutrientes (não avaliados no estudo). 
A confecção do protótipo UFV-ENG é tarefa simples e pouco onerosa, sendo possível de ser realizada em pequena oficina, a partir da plantadora convencional. Detalhes sobre o protótipo podem ser obtidos com o professor Antônio Donizette de Oliveira. Referências bibliográficas: consulte o autor.




Produção de Batata Semente



O Estado de Santa Catarina é tradicional produtor de batata-semente no Brasil , em vista das ótimas condições climáticas observadas no planalto Catarinense. Nesta região, o inverno é muito rigoroso e as temperaturas de – 14 ºC são frequentes. Estas baixas temperaturas promovem o congelamento superficial do solo e que favorecem o controle de doenças, pragas e de plantas voluntárias. Por outro lado, no período de primavera e verão as temperaturas são muito favoráveis a produção, com médias variando de 13 à 22 ºC no Planalto Catarinense, a altitude é o fator que promove estas ótimas condições, variando de 400 à 1.500 metros. Em algumas regiões é possível o cultivo em duas safras por ano, com plantios em agosto e fevereiro, enquanto que em outras, só é possível um cultivo por ano, com plantio de setembro a janeiro. Por isto, a Região do Planalto Catarinense constitui-se numa região climática muito especial no Brasil favorável à produção de batata-semente de ótima qualidade fitossanitária.

A maioria da produção catarinense é comercializada em outros estados, em vista da qualidade fitossanitária. A produção está concentrada nas Regiões do Planalto Norte (Canoinhas, Papanduva, Mafra, Major Vieira, etc.) e outras Regiões também importantes, como Santa Cecília , Campos Novos e Xanxerê. A cultura da batata-semente exige condições especiais de clima e manejo visando obter um produto de alta qualidade fitossanitária. Atualmente, a maioria da batata-semente produzida em Santa Catarina, é obtida a partir de batata- semente importada e da produção nacional de material básico. As importações são realizadas da Holanda, Alemanha, Suécia, Canadá, Argentina e Chile. A produção de material básico nacional é obtida a partir da cultura de meristemas e multiplicação em condições controladas de telado.

Algumas empresas vêm realizando o trabalho de produção e multiplicação do seu próprio material genético e pré-básico que vão gerar as classes básica, Registrada e Certificada. Toda a produção é acompanhada pela Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina – Cidasc, que é o Órgão Executor da Fiscalização / Inspeção da Produção de sementes, credenciada pela Entidade Certificadora que é a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural e da Agricultura – (SDA), que por sua vez é reconhecida pelo Ministério da Agricultura através da Portaria nº294 de 17.09.1980. A produção tem que atender os requisitos mínimos estabelecidos pelas Normas e Padrões para a produção de batata-semente, contido nas Normas e Padrões de Produção de Sementes para o Estado de Santa Catarina.

Todo produtor de batata-semente deve ter registro de produtor de sementes e apresentar estrutura mínima de produção, para atender os requisitos determinados pela (SDA) / Cidasc, Ter um engenheiro agrônomo como responsável técnico e se submeter ao sistema de produção de batata-semente. O Estado conta com uma estrutura de laboratórios para avaliar a qualidade da produção via teste de “Elisa”, para as principais viroses. As análises são geralmente feitas nos laboratórios da Embrapa em Canoinhas e da Epagri em Lages e São Joaquim.

Atualmente existe uma tendência na produção de batata-semente a partir da cultura de meristemas, em vista de problemas de introdução de novas doenças e pragas de outros estados e países. As empresas de pesquisa ligadas aos governos Federal e Estadual que atualmente dão suporte de aprovação são a Embrapa e a Epagri. Existem no Estado duas associações de produtores com trabalhos em parcerias com empresas públicas e privadas, com a “Aseprobasc” na região de São Joaquim e a “Aprosesc” na região de Canoinhas, para atender os interesses destes grupos organizados. Estes fatores determinam um ótimo nível de qualidade de batata-semente produzida em Santa Catarina.